Segundo o ministro Blairo Maggi, com
a tabela, em alguns casos, os preços ficaram mais altos que os praticados
anteriormente (Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil). A Política Nacional de
Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas foi criada pelo governo
federal como forma de atender às reivindicações dos caminhoneiros, que fizeram
em maio uma greve com bloqueio de diversas estradas.
De acordo com o ministro, em alguns casos,
os preços estabelecidos estão consideravelmente mais altos do que os acordados
anteriormente e, por isso, os produtores estão evitando assumir compromissos e
atrasando o plantio. “Como ela [a tabela] está destoante do que o mercado
operava, nem as empresas exportadoras, nem aqueles que não querem assumir novos
riscos, ninguém está fazendo mercado futuro”, ressaltou.
Maggi disse que os atrasos podem
causar queda na produtividade de lavouras como a soja. “Lá em Mato Grosso nós
plantamos soja no meio de setembro até metade de outubro. Quando chega
novembro, se você ainda está plantando, cada dia que passa significa um saco a
menos, em média. As janelas que nós temos são muito pequenos, e o prejuízo pode
ser bastante grande”, exemplificou sobre o setor e a região onde atua como
empresário.
O ministro acrescentou que, além
disso, tem havido disputas entre fornecedores e produtores para cumprimento de
contratos feitos antes do tabelamento. Alguns fabricantes de insumos, que
vendiam com o frete incluso no preço, têm tentado rever as entregas já
acordadas, enquanto os produtores exigem o cumprimento dos acordos, disse
Maggi. “Também há discussões jurídicas em acontecendo. No final, é só
confusão.”
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve
voltar a analisar o tema no fim de agosto. O ministro Luiz Fux é o relator, no
STF, de três ações diretas de inconstitucionalidade contra a medida provisória
que estabeleceu a política de preços mínimos. As ações foram abertas pela
Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR Brasil), que representa
empresas transportadoras, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Maggi também comentou o embargo russo
à carne suína e bovina do Brasil. As restrições foram anunciadas em dezembro,
quando autoridades sanitárias da Rússia afirmaram ter encontrado ractopamina –
substância que promove o crescimento muscular dos animais – na carne suína
brasileira. Os produtos são legais no Brasil, mas o acordo comercial com a
Rússia prevê que a produção vendida para o país não contenha essas substâncias.
Uma comissão técnica brasileira chega
nesta segunda-feira à Rússia para tentar reverter a interdição à carne
brasileira. Maggi disse que pretende ainda fazer com que o presidente Michel
Temer discuta o assunto com o mandatário russo, Vladimir Putin, durante a
cúpula do Brics, marcada para esta semana na África do Sul. O Brics é um grupo
formado por Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.
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