terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Projetos em terminais portuários da Kepler Weber tiveram expansão de mais de 20% no ano passado

         Após registrar queda de 20% em sua receita líquida no terceiro trimestre de 2015 e esperar resultado semelhante para o quatro trimestre (ainda não divulgado), a Kepler Weber, líder no mercado de armazenagem, trabalha com a perspectiva de ajuste em 2016 e de volume de vendas semelhante ao de 2015. "Não vejo motivo para desaceleração, nem para grande crescimento. O segundo semestre, quando tradicionalmente ocorrem as vendas para a safra seguinte, trará mais clareza sobre o resultado deste ano. Devemos comercializar volume parecido ao de 2015", disse o vice-presidente da companhia, Olivier Colas.
         Para contornar dificuldades nas vendas de silos no mercado interno, a empresa aposta em novas frentes de ação, como a atividade de manutenção de estruturas de armazenagem de grãos existentes e movimentação de granéis. Neste começo de ano, a percepção de Colas é a de que, de um lado, produtores e empresas do setor assimilaram que o cenário macroeconômico do país não mudará no curto prazo, e de outro as notícias sobre a safra atual são positivas e haverá necessidade de se investir em algum momento.
         "O ambiente é turvo e pouco propício para fazer investimentos. Entretanto, uma vez que o ajuste fiscal ocorra e o orçamento da União seja executado, os recursos federais e das empresas voltariam a fluir", explicou o executivo. "A questão é quando o Brasil vai voltar a funcionar normalmente. A demanda é reprimida, mas o investimento do produtor depende de sua rentabilidade e de sua perspectiva para o futuro", complementou.
         Para complicar, o setor viu no ano passado o montante oficial destinado ao financiamento de armazéns minguar. Os recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) caíram de R$ 3,5 bilhões do Plano Safra 2014/15 para R$ 2 bilhões referentes à temporada atual. O PSI Cerealistas, que também contribuía para as vendas do setor, recuou de R$ 1 bilhão em 2014 para R$ 400 milhões em 2015. No total, de R$ 4,5 bilhões com juros subsidiados, empresas da área passaram a contar com menos de R$ 2,5 bilhões.
         Não há perspectiva, até o momento, do volume de recursos que será destinado a estes programas pelo Plano Safra 2016/17. Na tentativa de criar novas fontes de receita, a Kepler vem dedicando maior atenção a frentes até então deixadas em segundo plano. Uma delas é a atividade de manutenção das instalações de armazenagem de produtos agrícolas existentes no País.
         "Isso era um trabalho que a Kepler não fazia tradicionalmente. Agora, vamos buscar mais proativamente este tipo de projeto. Temos muita coisa a oferecer para reformas", afirmou Colas. Ele espera ampliar as vendas neste segmento em cerca de 20% em 2016. O Sul do Brasil, dotado de instalações mais antigas, é uma das áreas com potencial para trazer retorno às investidas da empresa. Outra aposta da Kepler são projetos relacionadas à movimentação de granéis em portos.
         Em 2015, o volume de produtos da Kepler destinado a projetos em terminais portuários aumentou entre 20% e 40%, na estimativa do vice-presidente da empresa. Companhias de logística, terminais hidroviários, portuários e tradings com projetos no Norte do País responderem por 50% desta demanda.
Em 2016, Colas espera que o crescimento das vendas para o setor se mantenha, ainda que em níveis mais baixos do que os de 2015. "Continuar crescendo na mesma velocidade será difícil. Mas vai aumentar em comparação ao ano passado. Há muitas concessões novas e investimentos previstos para a rota do Norte do país", disse o executivo.
         Os silos, neste tipo de projeto, não são os produtos mais vendidos. Predominam os transportadores horizontais de produtos e esteiras. Abrir novos mercados também continua nos planos do executivo. A meta é aumentar em 40% as exportações da empresa, em volume. Países na América Latina, África e Leste Europeu se mantêm no radar, a exemplo da Rússia, cujas primeiras compras ocorreram em 2015. Colas manteve ainda sua perspectiva de duplicar as exportações da empresa para a Argentina, após a posse do presidente Mauricio Macri. Da média de US$ 2 milhões exportados para o país nos últimos anos, a Kepler Weber quer passar para US$ 4 milhões em 2016.

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