quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Programa ambiental desenvolvido pela TCP monitora atividade dos botos na baía de Paranaguá



         O programa ambiental desenvolvido pela TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá) contempla em seu conjunto, o monitoramento das atividades e comportamentos de botos na região da baía de Paranaguá. O monitoramento de pequenos cetáceos, como são classificados os mamíferos, tem como objetivo entender de que forma as atividades do Terminal influenciam a vida dos animais, que utilizam a baía para se alimentarem, reproduzirem e cuidarem dos seus filhotes. 
         O monitoramento integra o processo de licenciamento ambiental da TCP junto ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). “O objetivo é acompanhar a distribuição dos botos na baía para entendermos se as atividades desenvolvidas pela TCP influenciam a forma como eles ocupam a região. A intenção é prever possíveis impactos na comunicação sonora destes animais”, explica Juarez Moraes e Silva (foto), diretor Superintendente Comercial da TCP.
        A baía de Paranaguá é ocupada pelo boto-cinza (Sotaliaguianensis), uma espécie vulnerável e que integra a lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. De acordo com a bióloga Sara Pontes, responsável por este projeto de monitoramento ambiental da TCP, essa é uma espécie pouco conhecida e ameaçada por diferentes fatores como pesca acidental, poluição, acidentes com embarcações e degradação ambiental.
         O programa prevê diferentes métodos de monitoramento, como a observação em ponto fixo, com a utilização de binóculos, e a observação em transectos. No primeiro método, a equipe responsável pelo monitoramento descreve o tamanho dos grupos dos mamíferos, o padrão de comportamento que exibem e os locais que ocupam, além da sua variação ao longo do dia. “São oito horas de monitoramento, uma vez por semana”, explica Sara.
         No segundo método, os pesquisadores percorrem transectos pré-definidos com uma embarcação e ao longo do caminho descrevem os mesmos parâmetros observados. Esse método é realizado a cada três meses. É realizado, ainda, o monitoramento do ruído subaquático. “São realizadas gravações com hidrofone e gravador digital em nove pontos diferentes da Baía de Paranaguá, com objetivo de monitorar a pressão sonora aos quais os botos estão expostos, visto que eles dependem bastante da bioacústica para seu comportamento”, esclarece a bióloga.
         O programa ocorre desde 2013 e mostra que não houve mudança aparente na vida dos botos neste período. Entre os principais resultados, o estudo aponta que o boto-cinza, única espécie de mamífero registrada na área de estudo, está concentrado próximo –as:ilhas, margens e áreas de baixa profundidade. “São locais com alta variabilidade de ambientes, o que beneficia os cetáceos na busca por comida”, explica Sara.
          Já a caracterização acústica mostra que a baía de Paranaguá é um ambiente com grande intensidade de ruídos antropogênicos (sons de origem humana), principalmente, os de baixa freqüência. “A presença destes animais em comportamento de pesca na área portuária demonstra que, mesmo nas áreas com as maiores perturbações acústicas, os animais ainda mantêm a sua capacidade de ecolocalização. A ocorrência da espécie nessas áreas indica que o boto-cinza, neste estuário, apresenta um nível de tolerância ou habituação à perturbação antrópica”, finaliza.

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