segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Amazon China vai começar a operar como freight forwarder nos Estados Unidos

         A Amazon China acaba de se registrar para operar como freight forwarder nos Estados Unidos, segundo informação do transitário Flexport, sediado na Califórnia, e com unidades em HJong Kong e Amsterdã.. O site da FMC (Federal Maritime Commission) já inclui a empresa em sua lista de intermediários autorizados para o transporte marítimo.
          Registrada oficialmente com o nome de Beijing Century JOYO Courier, a Amazon China detém agora toda a documentação apropriada para oferecer serviços de transporte e, inclusive, prestar serviços para outras companhias. Este seria o primeiro passo da Amazon na direção de um mercado que movimenta US$ 350 bilhões, relata a Flexport.
          Ao oferecer serviços de estufagem e transporte de cargas, a empresa chamada FBA (Fulfillment by Amazon) vai facilitar a movimentação de mercadorias em sua rede de distribuição. Em 2004, a Amazon havia anunciado a compra da JOYO, na época um dos maiores varejistas online da China, que foi considerado, em 2006, pela Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos, como uma “subsidiária de peso” da Amazon.
          Ryan Petersen, CEO da Flexport, explica que atuar como transitário de cargas faz mais sentido para a Amazon China do que para a matriz americana, principalmente porque os serviços oceânicos a partir da China serão extremamente mais atrativos no comércio mantido pela venda de produtos chineses ao mercado comprador americano.
          Como transitário de cargas, a Amazon faria com que tanto o fornecedor quanto o atacadista fossem pagos pelo importador. Para a maioria dos 40.000 atuais vendedores que passam de US$ 1 milhão em vendas de produtos pela Amazon anualmente, esta é uma mudança crucial em uma empresa que trabalha tanto como canal primário de distribuição quanto como um competidor feroz no mercado varejista.
           Caso a matriz da Amazon assumisse a condição de transitário, haveria o risco de que as operações fossem prejudiciais ao mercado, como ancoragem de preços ou – o que seria pior – o incentivo às compras diretamente do fornecedor, o que interceptaria diversos distribuidores do mercado americano. Com o serviço nas mãos da Amazon China, diz Petersen, a empresa pode oferecer aos fabricantes o transporte direto até os armazéns da própria FBA, ou com transferência para a rede de courier da Amazon.
          O registro junto à FMC é somente o primeiro passo dado pela Amazon para se transformar em transitário de cargas: é possível que as operações de fato ainda demorem alguns anos para acontecer. No entanto, esta é uma boa notícia para investidores, pois pode ser a primeira resposta da Amazon ao fenômeno da Wish, aplicativo de comércio eletrônico móvel líder em mais de 30 países.
          O mercado indica que os fabricantes chineses estão no firme propósito de realizar vendas diretamente a embarcadores globais, uma vez que o consumidor hoje em dia já se contenta em esperar por uma entrega, caso isso signifique economia no momento da compra. O CEO da Wish disse, em entrevista à Recode, mídia especializada em tecnologia digital, que a empresa vem competindo acirradamente com a Amazon e o Alibaba para se tornar a primeira companhia a ultrapassar US$ 1 trilhão em faturamento bruto de vendas. Entrar no mercado de transportes para criar um sistema amplo e integrado de distribuição direta das fábricas chinesas seria a resposta clássica de Jeff Bezos à ameaça representada pela concorrência da Wish.
          Ryan Peterson entende que a Amazon seria de fato um grande transitário de cargas, por vários motivos. O primeiro deles começa pelos preços praticados pelo transporte marítimo, extremamente inferiores aos patamares históricos. Ele diz que, a partir de janeiro de 2016, os clientes da Flexport já começaram a pagar valores abaixo de US$ 1.300 para embarcar um contêiner de 40 pés de Shenzhen a Los Angeles, o que significaria que o frete para cada pacote enviado (dentro da média de dimensões de unidades embarcadas) sairia a irrisórios US$ 0,14. Ou seja: hoje em dia, já se pagam valores abaixo de US$ 10 para uma TV de tela plana cruzar o Pacífico e chegar ao consumidor.
          Com as tarifas tão baixas, uma considerável parcela dos custos logísticos recai sobre os trabalhistas — especialmente na coordenação e execução de transferências entre diferentes players da cadeia. É aqui que a automação, algo que nenhum transitário conseguiria fazer nas proporções com que a Amazon consegue, conferiria à empresa uma enorme vantagem competitiva sobre os operadores tradicionais.
          Com o uso de um software para eliminar custos adicionais associados a burocracias governamentais, atualizações de status, cotações, agendamentos e outros trâmites, a Amazon será capaz de cortar significativamente os seus custos, isso sem falar na eliminação de etapas de estufagem, no caso de embarques já preparados na origem, que não precisarão ser reposicionados no destino.

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