quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Expectativa de retomada da indústria naval pode acabar com venda da Transpetro

         A colocação à venda da Transpetro, dentro do plano de desinvestimento da Petrobras, poderá ser a pá de cal na retomada da indústria naval no Brasil. Subsidiária de logística da petrolífera, a Transpetro é responsável pelo Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), que encomendou 49 navios a estaleiros brasileiros para evitar a dependência de afretamento de navios nos transporte de petróleo e combustíveis. Especialistas consideram improvável que um novo dono mantenha um programa com mais propósito político do que viés produtivo.
          O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, que anunciou a possível venda da Transpetro, disse que o assunto não foi discutido no Conselho de Administração da estatal mas, no mercado, circula a informação de que a companhia tem interesse em vender 23 navios da sua frota atual de 53 embarcações. A comunicação anda na contramão do que foi anunciado em 2004 pela Transpetro na apresentação do Promef, que pretendia aumentar a frota nacional com a produção de navios com bandeira brasileira.
          “É um contra-senso anunciar um programa e depois “desanunciar”, mas a Petrobras não tem saída. A empresa vive um momento difícil, com alto endividamento em dólar. A empresa precisa reajustar o fluxo de caixa, engavetar investimentos e melhorar a gestão. É praticamente impossível a petrolífera manter um programa (Promef) que induza a empresa a fazer mais investimentos de curto prazo”, argumentou o economista do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Luciano D’Agostini.
          No final do ano passado, a Transpetro comunicou a intenção de suspender a encomenda de 13 navios, sendo 11 ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e dois ao Vard Promar, no Complexo de Suape. As empresas e o governo de Pernambuco estão negociando com a estatal para tentar reverter a decisão, mas a informação de venda da subsidiária reforça o argumento de encolher o Promef.
          O vice-presidente do Sinaval, Sérgio Bacci, salientou que a venda da Transpetro ainda está no campo do boato, “mas se isso acontecer esperamos que o novo acionista mantenha o Promef”, lembrando que o fator não é só financeiro e envolve também grandes empreendimentos implantados em vários Estados. “Países que se tornaram grandes players do setor, a exemplo de China, Coréia do Sul, Japão e Noruega receberam incentivos públicos e demoraram 20 anos para se consolidar. Matar o programa agora é um retrocesso”, defendeu.


 

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