O ministério das Relações Exteriores
(MRE) minimizou nesta quinta-feira (13) as declarações feitas pela chanceler
alemão Angela Merkel um dia antes sobre o andamento do acordo negociado entre o
Mercosul e a União Europeia. Merkel
afirmou que o
tempo está se esgotando para alcançar um acordo comercial entre os dois blocos
e considera que o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, não deve
facilitar as negociações.
Durante coletiva de imprensa no
Palácio Itamaraty, em Brasília, o diretor do Departamento de Relações
Comerciais do MRE, André Carvalho, disse que "declarações pontuais"
não tem efeito no processo de negociação entre os blocos. "O exame que é
feito pelo Mercosul é feito muito mais com base na percepção das direções
negociadoras, das expectativas que você tem quanto ao melhor encaminhamento a
dar frente ao quadro negociador, do que em cima de declarações pontuais. Você
analisa os contextos políticos de uma negociação, mas eu não acredito que
declarações específicas vão se tornar o principal filtro pelo qual as
autoridades do Mercosul vão avaliar qualquer negociação individual."
Ao apresentar a pauta de negociações
do Brasil durante a 53ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercosul, que ocorrerá
nos dias 17 e 18 na capital do Uruguai, Carvalho disse ser difícil prever como
as declarações de autoridades de estados-membros afetam a posição negociadora
da Comissão Europeia. “No tocante aos tempos de conclusão, garantida a
disposição política dos dois lados em fazer os movimentos que são necessários e
demonstrar a flexibilidade que é necessária pra encontrar os espaços de
convergência, a negociação Mercosul – União Européia poderia finalizar
rapidamente”.
No final de novembro, durante a
Cúpula dos Líderes do G20, em Buenos Aires, o presidente da França, Emmanuel
Macron, também falou sobre o acordo. Ele condicionou
os avanços das
negociações à permanência do Brasil no acordo Climático de Paris. Segundo o
diretor, a negociação entre o Mercosul e a União Europeia é a pauta mais
avançada para a reunião do Conselho do Mercosul na próxima semana e depende de
decisões políticas de ambos os blocos para sua efetivação.
“O que nós ainda temos em pauta
representa não um desafio técnico, mas um desafio político. Nesse sentido não
são desafios associados a tempo de negociação e sim de conseguir um
entendimento político que viabilize um equilíbrio satisfatório para as duas
partes. Então o prazo para a conclusão da negociação com a União Europeia
poderia ser um prazo extremamente curto e nós recebemos frequentes indicações
de compromisso político favorável a uma conclusão rápida”, disse Carvalho.
A equipe do futuro governo brasileiro
manifestou em algumas ocasiões que prefere negociações bilaterais, em vez de
uma negociação que envolva blocos, como o Mercosul. Em novembro, Bolsonaro
disse estar aberto a negociar. “Não é um ‘não’ em definitivo, nós vamos é
negociar”, disse o presidente eleito. “O novo governo assumindo dará as
diretrizes correspondentes que as áreas seguirão naturalmente”, afirmou durante
a coletiva a embaixadora Eugenia Barthelmess, diretora do Departamento da
América do Sul Meridional.
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