quarta-feira, 15 de junho de 2016

Terminal Santa Clara deve retomar operações com contêineres em agosto


         O Terminal Santa Clara, localizado no Pólo Petroquímico de Triunfo, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), depois de parar de movimentar contêineres em 2009, deverá voltar a trabalhar com essa modalidade de transporte de carga. A expectativa é de que as operações sejam retomadas a partir de agosto.
         "Tem contratos assinados, barco na água, tudo certinho", revelou o diretor-presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti. A iniciativa foi possibilitada por meio da parceria do grupo Wilson Sons (controlador do Terminal de Contêineres gaúcho), a Braskem e a Navegação Guarita. O empreendimento será chamado de Contesc (Contêineres Terminal Santa Clara).
         O terminal, situado a 80 quilômetros de Porto Alegre, interrompeu o trabalho com contêineres por causa de uma adaptação que a Braskem fez para receber etanol e produzir o chamado "plástico verde". Como a companhia não está utilizando o terminal para essa atividade no momento, apenas para a movimentação de petroquímicos, será possível recuperar o aproveitamento para contêineres.

         A expectativa inicial era de que a ação fosse retomada ainda no ano passado. Mas Bertinetti lembrou que entre os obstáculos a serem superados estavam o acerto de um preço de operação que pudesse concorrer com o transporte rodoviário, legislação e o tipo de embarcação a ser usada.
         O diretor-presidente do Tecon explicou que nesta primeira etapa o deslocamento pela hidrovia será feito somente com um navio da Navegação Guarita, com capacidade para trabalhar com 85 contêineres. Posteriormente, o número de embarcações aumentará. Entre as cargas que deverão passar pelo terminal estão resinas termoplásticas, fumo e frango.
        O executivo comemorou a volta do transporte de contêineres pelo Santa Clara, contudo ressalvou que a crise da economia tem refletido no desempenho do terminal do grupo Wilson Sons em Rio Grande. Ele estimou que deverá haver uma queda no volume total de contêineres movimentados neste primeiro semestre, pelo Tecon Rio Grande, de 3% a 4%, em relação ao mesmo período do ano passado quando foram operados cerca de 349 mil teus.
        Segundo Bertinetti, a exportação melhorou devido às condições cambiais e às boas performances de produtos como celulose, resinas e fumo. Em contrapartida, com as dificuldades da economia nacional, as importações pioraram.

        Outro impacto sentido foi que a Argentina, durante o governo de Cristina Kirchner, havia tido problemas de relação com o Uruguai e, com isso, deslocado algumas cargas para o porto do Rio Grande. Bertinetti destacou que a situação não persistiu com o atual presidente Mauricio Macri, fazendo com que a Argentina voltasse a aproveitar o porto de Montevidéu.
        Para atenuar custos, o Tecon Rio Grande decidiu migrar para o mercado livre de energia (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a eletricidade). A mudança deve ser consolidada em outubro. Outra alteração está se processando na diretoria. O diretor comercial, Thierry Rios, está se aposentando. Será substituído por Renê Wlach, que ocupava a gerência regional da Aliança/Hamburg Süd.
        A empresa também lida com uma recente recomendação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de condenar o Tecon pela prática de condutas infrativas à ordem econômica, do período de julho de 2010 a fevereiro de 2012. Bertinetti disse esperar que o Tribunal do Cade reverta a posição. "Estamos apenas cobrando a nossa tabela,"garantiu.
        A possível irregularidade diz respeito à prática de cobrança indevida a título de "fiel depósito", que consiste em taxa ad valorem (conforme o valor) sobre as cargas que chegam via importação ou em retorno do estrangeiro ao porto e ficam sob responsabilidade do operador portuário até a entrega ao cliente ou a outro recinto alfandegado.

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