segunda-feira, 13 de junho de 2016

Chuvas na região Sudeste prejudicam embarques de açúcar no Porto de Santos

         As chuvas que interromperam a colheita nas lavouras de cana-de-açúcar nas regiões Sudeste e Sul do país também afetaram a logística de escoamento do açúcar. Localizado em uma das áreas mais afetadas pelas precipitações anormais deste fim de outono, o porto de Santos (SP), que concentra entre 70% e 80% das exportações nacionais do produto, registrou atrasos nos carregamentos, aumento de filas de navios e corre o risco de embarcar neste mês menos do que em maio.
         A agência Williams Brazil avalia que os embarques nos terminais da Baixada Santista em junho fiquem 200 mil toneladas a 300 mil toneladas abaixo do volume exportado em maio. Pelo levantamento da agência, foram embarcados pelos terminais da Copersucar, da Rumo e pelo Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá (Taeg) 1,658 milhão de toneladas de açúcar no mês passado.
         "Os atrasos nas operações estão acontecendo devido ao período chuvoso de junho", disse a agência, em nota ao Valor. A demora fez o número de navios na fila no porto de Santos subir de 32 para 43 na semana encerrada dia 8, o que representa uma média de sete dias de espera para cada embarcação - um dia a mais do que na semana anterior. Houve navios que atracaram apenas 20 dias após se aproximarem da costa, disse Murilo Aguiar, consultor de gerenciamento de risco da FCStone.
         O aumento do tempo de embarque é motivo de preocupação para as tradings, já que muitos contratos de exportação preveem multas diárias de até US$ 12 mil em caso de atraso no embarque. No entanto, se as previsões climáticas se confirmarem, os atrasos não se prolongarão pelas próximas semanas, dado que o tempo já está voltando a se firmar. "É semelhante a situações anteriores. Com a regularização de chuvas, melhora [o ritmo de embarque]", avaliou Willian Hernandes, sócio da FGAgro.
         Para Aguiar, da consultoria FCStone, é difícil prever se o porto será capaz de repetir o desempenho de maio. Além de as chuvas terem ampliado a fila de navios, também interromperam a colheita e a moagem de cana nas usinas, afetando a capacidade de oferta do produto.
         Desde o início de junho já foram perdidos 5,5 dias de moagem, segundo Gabriel Elias, trader sênior da trading asiática Olam International. Desde o início da safra, a paralisação das atividades em campo já se estendeu por 15 dias.
         A remuneração das exportações, porém, deve favorecer a recuperação do ritmo de embarques. Além de haver aperto na oferta nacional, há uma forte demanda das refinarias estrangeiras, que agora estão contando basicamente com o açúcar brasileiro em quantidade e qualidade. Esses fatores têm impulsionado os preços do açúcar para o mercado externo.
         O açúcar de altíssima polarização (VHP), que estava sendo negociado no porto com desconto de 15 pontos em relação ao contrato do açúcar demerara para julho na bolsa de Nova York no início do mês, foi negociado ontem com desconto de 2 pontos, de acordo com acompanhamento realizado pela consultoria FCStone.

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