quarta-feira, 23 de março de 2016

Vice-presidente da Kepler Weber considera nível atual de negócios em armazenagem incompatível com o tamanho da safra


          O vice-presidente da Kepler Weber, Olivier Colas, afirmou que o atual nível de negócios em armazenagem é totalmente incompatível com o tamanho da safra brasileira de grãos. A avaliação foi feita durante teleconferência com analistas sobre os resultados da companhia no quarto trimestre de 2015 e no acumulado do ano passado.
          Colas lembrou que entre 2012 e 2014 o mercado de armazenagem de grãos mais que duplicou, sustentado essencialmente por estímulos do governo federal que previa, por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), R$ 5 bilhões anuais para financiamento de aquisição de silos a taxas subsidiadas, assim como o financiamento das obras civis necessárias à instalação dos silos.
         Com a redução dos recursos entre os ciclos 2014/2015 e 2015/2016, de R$ 3,5 bilhões para R$ 2 bilhões, o setor viveu uma "freada brutal", disse Colas. "A safra 2015/2016 é muito maior que a de 2011/2012, mas a demanda por silos diminuiu.
         No entanto, com a baixa dos preços das commodities, o Custo Brasil aparece com mais intensidade. Ou a gente ataca isso ou a cadeia agrícola vai perder competitividade no mercado externo", declarou o executivo.
         Ainda que os recursos com juros subsidiados tenham caído, o vice-presidente da Kepler observou que há setores do agronegócio que têm investido em armazenagem com seus próprios recursos. Se em 2013 83% do faturamento da companhia era atrelado a financiamentos do PCA, o porcentual caiu para 75% em 2014, 65% em 2015 e continua diminuindo neste início de 2016.
         "Até o momento, 54% dos pedidos feitos em 2016 serão financiados com recursos próprios dos produtores", afirmou Colas. É um porcentual "muito alto", complementou o executivo, acrescentando que níveis semelhantes só tinham sido vistos em 2011 e ainda eram mais baixos, com 41% das vendas feitas com aportes dos próprios agricultores.
         Para compensar a queda nas vendas internas de silos, a companhia pretende continuar a diversificação de suas atividades. Uma das formas será ampliando as vendas no segmento de peças e serviços. A proposta, contudo, não é simplesmente crescer nas vendas avulsas.
         Colas explicou que empresa vai fazer um trabalho ativo com proprietários de ao menos 4 mil unidades de armazenagem no país para oferecer serviços de automação e novos equipamentos. "É uma tendência de longo prazo investir cada vez mais nesta área", disse.
         O fornecimento de equipamentos para a movimentação de granéis em terminais portuários é outra frente de diversificação de negócios da Kepler Weber. A empresa já fornece transportadores horizontais e esteiras para estes projetos, mas algumas estruturas metálicas, que respondem por 50% dos investimentos nestas obras, ainda não são produzidas pela companhia - que adquire de terceiros estas estruturas.
         "Estamos avaliando se vamos entrar neste ramo e verticalizar todo o processo para o cliente. O avanço no segmento de movimentação de granéis depende do reforço na capacidade produtiva de equipamentos que ainda não produzimos", declarou Colas.

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