sábado, 26 de março de 2016

Dnit só tem verbas para manutenção das rodovias brasileiras até agosto

         O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), depois de ser obrigado a paralisar obras de pavimentação e duplicação de estradas em todo o país por falta de recursos, se vê agora sem condições de cumprir sua missão básica: garantir a manutenção das rodovias que já existem.
         O estrangulamento financeiro do órgão abriu um rombo de R$ 1,2 bilhão na verba anual necessária para executar os serviços de reparo e conservação das estradas. Trata-se de um terço do dinheiro usado para cobrir os 55 mil quilômetros da malha federal. Sem esse recurso, o Dnit só tem condições de pagar a manutenção das rodovias até agosto. Depois disso, será obrigado a paralisar os serviços.
         O esvaziamento da autarquia que sempre ostentou um dos maiores caixas do orçamento federal decorre não apenas do aperto nas contas públicas neste ano, mas também do pagamento de dívidas que o órgão acumulou de anos anteriores. Em 2016, o Dnit recebeu autorização para gastar R$ 6,5 bilhões, mesmo volume que teve no ano passado e praticamente metade do que chegou a contar entre os anos de 2010 e 2014.
         Mais de 40% do dinheiro que entrou neste ano foi usado para pagar contas antigas, dando fim a uma pilha de centenas de contratos que já armazenavam cerca de três meses de atraso. Para zerar esse passivo, o Dnit desembolsou R$ 2,7 bilhões do que recebeu. "Hoje não temos mais nenhum dos nossos mil contratos, tudo foi quitado, mas essa situação de fato limitou nossa capacidade de execução de outros serviços", diz o diretor-geral do Dnit, Valter Silveira.
         Depois do pagamento das dívidas, sobraram R$ 3,8 bilhões. Seria o suficiente para dar a manutenção das estradas federais ao longo de todo o ano, não fosse a lista de emendas impositivas apresentadas pelos parlamentares, que encheu o órgão de "obras prioritárias" em suas cidades e sugou mais R$ 1,5 bilhão do caixa.
         Passada a régua, restaram R$ 2,3 bilhões para o órgão tocar os serviços de conservação e restauração básica. "Se pudéssemos, usaríamos parte desses recursos na manutenção, que é a nossa prioridade, mas temos que cumprir o que determinam as emendas", afirma Casimiro.
         O Ministério do Planejamento, segundo a diretoria do Dnit, comprometeu-se em recompor o orçamento em pelo menos R$ 2,7 bilhões, parcela relativa ao pagamento de dívida. Para evitar que novos atrasos se acumulem neste ano, a autarquia decidiu dilatar o prazo de obras que já estão em andamento. "Vamos controlar os contratos e segurar um pouco o ritmo das execuções. Não queremos chegar em 2017 com o passivo que tínhamos este ano," ponderou Casimiro.

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