quinta-feira, 24 de março de 2016

Calçadistas apostam em exportações para os Emirados Árabes Unidos


         A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) promoveu, na noite de ontem (23), a apresentação do Estudo Estratégico de Calçados – Emirados Árabes Unidos. Conduzido pelo consultor Vishal Pandey, da Glasgow Consulting Group, o levantamento foi encomendado pelo Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

          O mercado dos Emirados Árabes, que atualmente é um dos alvos do programa Brazilian Footwear, possui mais de 8,5 milhões de habitantes e um PIB per capita de US$ 64 mil, o que chama a atenção pela potencialidade de consumo. Para as empresas que buscam inserção naquele mercado, no entanto, alguns cuidados são necessários. Segundo o consultor, é preciso estar de olho no calendário, especialmente o mês de Ramadã – que varia de acordo com o calendário islâmico, quando o período de trabalho cai para 5 a 6 horas diárias para muçulmanos. Alguns outros aspectos culturais, como evitar o uso da mão esquerda para cumprimentos – que é considerado um ato “impuro” – também foram levantados. Bebidas alcoólicas são proibidas, embora sejam oferecidas em locais específicos.  “A melhor forma de comunicação é face a face, as visitas são muito mais valorizadas do que chamadas telefônicas e e-mails”, frisa Pandey.

         Pandey ressaltou que o crescimento da população sustentado pelo incremento da economia tem sido fundamental para o salto do consumo nos Emirados Árabes. Segundo ele, os três principais segmentos de consumo são têxteis, roupas e calçados. O consultor cita, ainda, que a grande maioria dos calçados consumidos no País são importados. Em 2015, foram gastos com importações US$ 1,46 bilhão, sendo que a maior parte dela foi reexportada (US$ 1 bilhão). O mercado local movimentou US$ 643,3 milhões com vendas de calçados, 11,3% mais do que em 2014.

         Ainda conforme o estudo, cerca de 39% do calçado importado pelo país em 2015 era de plástico ou borracha e 24,6% de couro, ambas fatias em crescimento. Apesar do potencial de importação do mercado dos Emirados, o Brasil ainda participa pouco. Segundo o levantamento, em 2015, as importações de calçados brasileiros responderam apenas por 1,2% do total importado. No ano passado, o País importou 1,9 milhão de pares verde-amarleos por US$ 21,7 milhões, incremento de 8,2% ante o ano anterior. O preço médio foi de US$ 11,4 por par, mais alto do que a média geral das exportações brasileiras (US$ 7,70).

        O estudo revelou algumas percepções importantes do consumidor dos Emirados Árabes quanto ao produto brasileiro. Para ele, o preço do produto ainda é elevado se comparado aos concorrentes internacionais. Por outro lado, a percepção é de que o produto verde-amarelo tem uma qualidade superior, mas deve buscar cada vez mais investimentos em saúde e conforto. Quantos aos canais de preferência, o consumidor prefere as cadeias de lojas (23%), seguidas pelas butiques (21%) e lojas de departamentos (21%).

         Pandey apontou algumas formas importantes de penetração naquele mercado. Segundo ele, é importante trabalhar com grandes lojistas ou importadores que tenham boa posição e influência no mercado local e regional. O mercado de Dubai é muito utilizado para reexportação para outros países da região. “O mercado dos Emirados é um grande supermercado, que importa muito mais do que tem capacidade para consumir”, aponta. Outra questão relevante, segundo o consultor, é a criação de técnicas de marketing para fortalecimento da imagem do calçado brasileiro naquele mercado. “Para isso, é essencial o apoio do Brazilian Footwear”, completa.

         Com uma análise mais ampla dos países árabes, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), a convite da Francal Feiras, apresentou o estudo “Beyond the Emirates”. Na ocasião, o coordenador de Inteligência de Mercado da CCBA, João Paulo Paixão, destacou que em 2014 os países árabes (Emirados Árabes, Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Argélia e Marrocos entre outros), importaram quase US$ 6 bilhões em calçados, sendo que o principal fornecedor foi a China. “São mercados em crescimento e com grande potencial, especialmente tratando de Emirados Árabes, país que reexporta para toda a região”, comentou.


 

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