quarta-feira, 23 de março de 2016

The Economist pede em editorial que a presidente Dilma Rousseff renuncie

         A revista The Economist, de Londres, em editorial já disponível na internet e intitulado "Hora de ir embora", defendeu a saída de Dilma Rousseff da presidência da República. Segundo a publicação, a presidente deveria renunciar ao cargo após nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, no que "parece ser uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça". A revista avaliou ainda que a saída de Dilma abriria um novo começo no país.
         "Esta publicação tem argumentado há bastante tempo que o sistema judicial ou os eleitores, e não políticos com interesses próprios, devem decidir o destino da presidente. Mas a nomeação de Lula por Dilma parece ser uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que não tenha sido essa sua intenção, esse seria seu efeito", informou parte do texto.
         A publicação argumentou, no entanto, que continua acreditando que, na ausência de provas de crimes, o impeachment de Dilma é injustificável. A The Economist afirmou que a tentativa de usar as chamadas pedalas fiscais para justificar o impeachment é um pretexto para retirar do posto uma "presidente impopular". Além disso, a ideia de que o Congresso vai ouvir as ruas abriria um precedente preocupante, já que, segundo a revista, "uma democracia representativa não deveria ser governada por protestos e sondagens de opinião".
         A The Economist listou três alternativas para a saída de Dilma com fundamentação legítima. A primeira seria mostrar que Dilma obstruiu as investigações sobre a corrupção na Petrobras. As alegações de Delcídio Amaral, em delação premiada, ainda não foram comprovadas e a presidente as nega. A segunda seria uma decisão da Justiça Eleitoral para convocar novas eleições presidenciais, se descobrir que a campanha de reeleição da petista foi financiada com propina do esquema de corrupção na Petrobras. Por fim, a terceira e melhor saída, segundo a revista, é Dilma renunciar.
        O editorial também destacou que o vice-presidente Michel Temer, que assumiria o cargo no caso de renúncia, está envolvido no escândalo de corrupção na estatal, tanto quanto o PT. Para a revista, uma nova eleição daria aos eleitores a oportunidade de delegar as reformas a um novo líder.
        A The Economist ressaltou ainda que o Judiciário tem questões a responder. "Juízes merecem grande crédito por levar grandes empresários e políticos brasileiro a prestar conta, mas eles têm minado sua causa ao desprezar as normas legais", disse o texto. O último exemplo seria a decisão do juiz Sérgio Moro de divulgar as gravações telefônicas entre Lula e de outros políticos, incluindo Dilma Rousseff. Por outro lado, a revista rechaçou o argumento dos que defendem o governo de que os "juízes estão encenando um golpe".

Nenhum comentário:

Postar um comentário