A Maersk Line avalia que o ano será de cautela para
o comércio exterior brasileiro devido ao ritmo de retomada da economia e às
reformas que o governo tenta aprovar junto ao Congresso. A expectativa da
empresa é que a retomada se dê somente em 2020, porém ainda existem muitas
incertezas quanto às mudanças nas regras da previdência e questões tributárias,
consideradas cruciais para recuperação econômica brasileira e geração de
empregos. A expectativa dos varejistas é que o consumo brasileiro comece a
melhorar de forma discreta no segundo trimestre de 2019. A análise consta no
relatório trimestral da companhia divulgado nesta quarta-feira (27).
A
leitura é que janeiro começou relativamente fraco após o resultado das
importações e exportações totais terem crescido apenas 2% no último trimestre
do ano passado. Nos últimos três meses de 2018, as exportações cresceram 5%,
enquanto as importações caíram 1% abaixo do esperado. Apenas as importações de
alimentos, bebidas e produtos químicos registraram crescimento no período.
Todos os outros segmentos caíram um ou dois dígitos, aponta o
relatório. “Estamos cautelosos em relação a 2019. Muita coisa precisa
acontecer no Brasil antes que a economia comece a se recuperar. As reformas
propostas e o crescimento do emprego precisariam ser implementadas antes que o
consumo e as importações comecem a crescer novamente", observa Antonio
Dominguez, diretor geral da Maersk para a costa leste da América do Sul.
A
Maersk estima que as importações fiquem estáveis em relação ao último ano e
espera que o desempenho negativo esperado para os primeiros seis meses de 2019
seja compensado pelo crescimento do segundo semestre. O relatório indica que as
importações só voltarão a subir no segundo trimestre porque as empresas devem
começar a contratar novamente e os varejistas precisarão reabastecer os
estoques esgotados. Já as
exportações vêm crescendo de forma modesta, porém constante — de 2% a 3%, em
meio à falta de oferta de contêineres e navios. A Maersk afirma que uma mudança
só é possível com investimentos em contêineres. “O Brasil ainda está muito longe de uma recuperação impulsionada pelo
consumo", acrescenta Dominguez.
A companhia de transporte marítimo
mantém a previsão, que vem desde 2016, de que o comércio só começará a se
expandir em 2020. A empresa reduziu, de 5% para 2%, a previsão para crescimento
do comércio em 2019 que havia sido feita em novembro do ano passado. Antes da
recessão econômica de 2015, o Brasil cresceu um dígito por ano. Em 2018, o total de importações e exportações cresceu 4,9%, ante
previsão da Maersk, que era de 3,5%.
A Maersk estima que o crescimento do
PIB brasileiro em 2019 seja de 2,30%, contra as projeções atuais do mercado,
que estão em média de 2,53%. Para companhia, o percentual é fraco, considerando
a baixa base de comparação para uma economia que registrou queda do PIB per
capita desde 2014. “O governo está se concentrando em pensões e reformas
tributárias, mas o Congresso ainda tem que aprovar as novas leis e isso pode
levar o resto do ano. Neste momento, estamos mais otimistas para o ano de
2020", diz Dominguez.
O gerente de produtos da Maersk para
costa leste da América do Sul, Matias Concha, explicou que os números de
importação vão parecer fracos no primeiro semestre de 2019, dentre outras
razões, devido ao efeito da Copa do Mundo sentido no primeiro semestre de 2018.
Outro impacto foi causado pela greve dos caminhoneiros, além da desvalorização
do Real acima de 17% no ano passado, muito influenciado pelo cenário das
Eleições. A empresa espera que os volumes de importações no segundo
semestre de 2019 melhorem, pois o consumo de 2018 foi significativamente
prejudicado nos seis meses até o Natal. "A linha base para as importações
do segundo semestre deste ano é muito baixa, e isso ajudará os números a
ficarem consideravelmente melhores", acrescenta Concha.
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