segunda-feira, 23 de abril de 2018

Santos, um porto de difícil acesso


                                                                                                                     Milton Lourenço (*) 

         Embora seja responsável por 27% da movimentação do comércio exterior brasileiro, o porto de Santos não tem recebido por parte do governo federal, em termos de investimentos de infraestrutura, a retribuição que sempre mereceu, até porque investir no complexo portuário santista significa fortalecer a economia nacional. Basta ver que, depois de assinar em 2013 convênio com o município para fazer a remodelação da entrada da cidade e criar novos acessos ao cais, o governo federal só agora começa a se movimentar para cumpri-lo.

Já o governo do Estado acaba de liberar verbas para as intervenções que de sua parte são necessárias para remodelar a entrada da cidade. Como se viu recentemente por ocasião da temporada de chuvas de verão, a região fica completamente alagada, ocasionando congestionamentos quilométricos que vão até o alto da Serra.
A execução dos trabalhos estará a cargo da Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que, em troca, terá ampliado o tempo do seu contrato para cuidar das rodovias. O investimento previsto é de R$ 250 milhões. Do projeto, constam a construção de um acesso entre as marginais da via Anchieta, no bairro Piratininga, com a implantação de uma saída no viaduto da Alemoa (no sentido Planalto), e a retificação da pista sul da Anchieta, com a interligação das  marginais, sob um novo viaduto no quilômetro 65.
Como se sabe, esse trabalho de modernização do acesso a partir da via Anchieta também se tornou necessário e inadiável, já que os caminhões e ônibus estão impedidos de trafegar a pista descendente da rodovia dos Imigrantes em direção ao porto. Isto porque, na década de 1970, à época do início da construção da Imigrantes, os engenheiros não foram capazes de imaginar que um declive tão acentuado acabaria por impossibilitar o acesso de veículos pesados, embora a obra, à época do regime militar (1964-1985), tenha sido anunciada exatamente como uma solução para os problemas viários no acesso ao porto. Obviamente, este erro de cálculo nada edifica a engenharia brasileira.
           É de se lembrar ainda que a Rumo Logística, depois de sua fusão com a América Latina Logística (ALL), como concessionária ferroviária do porto, também vem investindo para equacionar os vários conflitos que existem na região do Valongo, responsáveis por provocar grandes congestionamentos também à entrada da cidade, como aqueles que se vê diariamente na área do antigo Armazém 1, hoje desativado. Com a MRS, que detém a concessão na área de Cubatão, a Rumo pretende construir um retropátio à entrada do porto, que permitirá operações mais disciplinadas na rede.
         Bem encaminhada a solução para a questão ferroviária, o que se espera  é que haja vontade política para se procurar sanar a questão do acesso rodoviário ao porto, hoje dependente de um viaduto de acesso, pois, na verdade, até agora, a obra de remodelação da entrada da cidade pela via Anchieta só não saiu do papel por culpa da União.
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(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

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