sexta-feira, 6 de abril de 2018

Mercado reage com otimismo à prisão de Lula, que ainda não comunicou se vai se apresentar ou aguardar ser levado pela PF

       A chance cada vez mais remota de o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva concorrer na eleição presidencial deste ano, após o STF (Supremo Tribunal Federal) negar o pedido de habeas corpus impetrado pela sua defesa na quarta-feira (4), injetou otimismo no mercado financeiro. O entusiasmo ficou ainda maior no meio empresarial em geral depois que o juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, decretou, quando a Bolsa já havia fechado, que Lula deve se apresentar até as 17horas desta sexta-feira (6) para começar a cumprir a pena, em Curitiba (PR).
       A avaliação de analistas do mercado é de que sem Lula na disputa e com reduzidas possibilidades de ele conseguir transferir (no entendimento destes especialistas) sua popularidade a um candidato do PT ou de ou mesmo de outro partido de esquerda aumenta a chance de vitória de um nome alinhado à agenda reformista. "Abre espaço para um candidato de centro ou reformista aparecer mais. O Lula, calado, e com uma prisão nas costas, não pode subir em palanque. Provavelmente, não transferirá sua popularidade, não elege nem poste", afirmou o economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira.
       O cientista político Carlos Melo, professor do Insper, foi mais cauteloso e considera o cenário ainda incerto. "Tudo vai depender do enquadramento da foto da prisão. Vai ter uma disputa de narrativa da prisão, se foi preso um corrupto, ou um mártir", avaliou ele.
       O gestor de renda variável da Porto Seguro Investimentos, Marcelo Faria, observou que a influência da eleição sobre o mercado deve ganhar força a partir do fim de maio. "Dá um certo tempo para o mercado operar em cima das notícias econômicas", previu o executivo.
       Para o diretor no Brasil da agência de classificação de risco Fitch, Rafael Guedes, a ordem de prisão do ex-presidente causa mais barulho para a corrida presidencial. "Isso vai colocá-lo (Lula) ainda mais em evidência", advertiu ele.
      Nesta tarde, o Lula segue em uma sala na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, local onde iniciou sua trajetória política na década de setenta e chegou a ser preso pelo governo militar vigente então no país por liderar uma greve de operários. Ao seu lado, estão lideranças sindicais e políticos do PT e de outras agremiações de esquerda. No lado de foram, uma multidão de apoiadores permanece em vigília desde a decretação da prisão pelo juiz Sérgio Moro. Até agora, nem o ex-presidente, seus advogados ou dirigentes petistas falaram sobre qual será a decisão de Lula: se apresenta ou aguardar e ser levado por agentes da Polícia Federal.

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