Os
recursos necessários para a recuperação do Porto do Recife (PE), que hoje
funciona com calado reduzido, podem enfim ser liberados pelo Governo Federal.
São mais de R$ 100 milhões que podem destravar ainda neste ano as obras de
dragagem e recuperação do cais, ampliando a movimentação portuária de açúcar e
grãos, e vão se somar a um plano de concessões do Governo do Estado, que quer
transferir parte dos terminais do porto para a iniciativa privada para ampliar
os investimentos no ancoradouro.
“Dos R$ 72 milhões da dragagem,
constam R$ 50 milhões na LOA 2019 (Lei Orçamentária Anual da União). Além
disso, temos R$ 27 milhões de restos a pagar de 2016 para a recuperação do cais
zero ao cais seis. E há mais R$ 28,4 milhões para essa obra na LOA”, explica o
presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar, que voltou ao ancoradouro, depois
de uma passagem por Suape, com a reforma do segundo escalão do Governo Paulo
Câmara, anunciada nessa segunda-feira (14).
“Volto para retomar o projeto de
dragagem e manter uma interação com Suape, que será dirigida por Leonardo
Cerquinho”, conta Vilar, admitindo que destravar esse projeto é essencial. É
que o calado do porto, inicialmente de 12 metros de profundidade, hoje varia
entre 9,3 e 8,8 metros devido ao assoreamento. E isso limita a capacidade dos
navios: cada metro a menos de calado representa uma queda de quatro toneladas
de carga por navio.
“O governador vai conversar com o Governo Federal
para fazer isso o mais rápido possível”, garante Vilar, explicando que, como os
recursos são federais, a obra será licitada pelo Ministério da Infraestrutura.
Para isso, contudo, Paulo Câmara também precisará fazer um pedido de
complementação de orçamento ou articular com a bancada federal uma emenda que
garanta os R$ 22 milhões que faltam para o serviço.
Com a dragagem e a recuperação do
cais, todo o Porto do Recife terá 12 metros de calado - até o terminal
açucareiro e o terminal de grãos, que sempre operaram com 10 metros de profundidade.
“A recuperação prevê o aumento desses berços, para que eles possam receber
navios de até 55 mil toneladas”, explica Vilar, destacando que o projeto já foi
aprovado pelo antigo Ministério dos Transportes. “Só falta a assinatura do
termo de compromisso entre o Estado e a União”, informa Vilar.
O Estado também deve por em prática neste ano um
plano de concessões no Porto do Recife. A ideia é entregar para a iniciativa
privada o terminal de coque, o terminal de abastecimento de navios (hoje desativado)
e o silo de grãos (passível de ampliação) do ancoradouro. Áreas do Terminal
Marítimo de Passageiros também serão concedidas para exploração comercial - uma
tentativa de movimentar o empreendimento fora da temporada de cruzeiros com
lojas e restaurantes. “Tudo que puder será concedido. O porto só vai ficar com
a coordenação da atividade portuária, a movimentação no cais e a atracação de
navios. A movimentação de cargas vai ficar com o privado”, explica Vilar,
admitindo que essa medida provocará um enxugamento no quadro de pessoal do
porto. Cerca de 50 pessoas devem ser cortadas, entre fixos e comissionados,
através do plano de demissão voluntária lançado em 2018. “Vamos adequar o
quatro à receita”, argumenta Vilar.
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