quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Prefeito eleito do Rio de Janeiro quer municipalizar o porto da cidade

         O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), quer municipalizar o Porto da cidade, além dos nove hospitais federais do município. O pedido foi feito durante jantar com o presidente Michel Temer, oferecido ao primeiro-ministro de Portugal, António Costa, neste fim de semana.
         Ele reivindicou que fosse repassado à prefeitura o controle de todos esses equipamentos. “Já conversei com o ministro dos Transportes, conversei com Temer agora e ele disse que vai estudar. Já há precedentes, e eu mostrei o interesse do Rio” afirmou, após o jantar.
         Antes mesmo do encontro com Temer, Crivella já se mostrava otimista e avaliava que não haveria “problema” na negociação, lembrando que o governo federal já fez delegações de portos para outras prefeituras.
         Na área da saúde, o prefeito eleito ressaltou que seria importante o aumento dos repasses da União. “Não tenho medo de ser um gestor pleno do SUS (Sistema Único de Saúde) se nós pudermos contar com os repasses e reajustes dos repasses para que não estrangule o Tesouro municipal. Seria bom para ambas as partes”, disse.
         Os hospitais federais no Rio são o Cardoso Fontes, em Jacarepaguá; o dos Servidores do Estado, no Santo Cristo; o Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras; o Instituto Nacional do Câncer, no Centro; o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, em São Cristóvão; e os hospitais do Andaraí, Bonsucesso, Ipanema e Lagoa.
         A respeito da municipalização do Porto, que está sob administração da Companhia Docas do Rio de Janeiro, ligada ao Ministério dos Transportes, a avaliação de Crivella é que a unidade irá injetar R$ 100 milhões por ano no caixa da prefeitura.
         A delegação de portos federais para municípios e Estados é possível e tem precedentes, mas o prefeito eleito deve enfrentar resistências no governo federal. Do ponto de vista financeiro, a transferência faz pouco sentido, disse uma fonte do governo federal, porque o porto do Rio é deficitário e conta com um dos maiores passivos trabalhistas do país. O que Crivella certamente ganharia com a mudança é o poder de indicar funcionários para o porto, que hoje são ligados principalmente ao PMDB.
         Técnicos do governo discutem meios para transferir os portos à iniciativa privada e consideram que seria um sinal dissonante ao mercado colocar o Porto do Rio sob gestão da cidade. “Seria trocar seis por meia-dúzia”, disse uma fonte.
         Há outro agravante para a delegação do Porto. Segundo técnicos do governo, a cidade deveria receber também a gestão dos portos de Niterói e Itaguaí, que ficam em outros municípios. “Daria uma confusão tremenda, mas pode acontecer”, ressaltou a fonte. Mesmo se a Prefeitura do Rio assumir esses portos, as futuras concessões de áreas — como a do terminal de trigo, que deve ocorrer em breve — e os contratos de arrendamento já em curso continuariam a responder para a União, em termos de metas e compromissos.
        Crivella viaja nesta quarta-feira para Israel e disse que se encontrará com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e com o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, para conversar sobre segurança. Segundo ele, a viagem também é espiritual, em agradecimento pela eleição. “Acho que a gente pode fazer muita coisa junto. Israel tem uma grande expertise em segurança, provada no mundo inteiro. E o Rio de Janeiro precisa melhorar a sua segurança, pelo menos as ações preventivas e de inteligência. Então, pretendo juntar o útil ao agradável.”

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