sábado, 12 de novembro de 2016

Eleição de Trump para a presidência dos EUA causa preocupação ao setor de navegação

         A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, na semana passada, provocou preocupação generalizada sobre o futuro da economia mundial e, em consequência, a indústria internacional da navegação, que já vive seu pior momento nos últimos 30 anos. A chegada à Casa Branca de um outsider, que defendeu na campanha eleitoral uma política protecionista,elevou o temor do segmento em relação ao futuro.
        "A postura protecionista e contra a globalização manifestada por Trump provavelmente trará prejuízos a indústria da navegação, um setor que se favorece da redução das barreiras comerciais", advertiu a WSJ Basil Karatzas, consultora marítima de Nova Iorque que assessora as princiapais companhias do segmento marítimo. "A curto prazo, o efeito de choque para os mercados possivelmente levará a menores volumes de negócios em um momento em que os armadores vivem números negativos", prognosticou a consultora.
         O Lloyd's List igualmente advertiu sobre o risco de protecionismo da administração Trump na área comercial, assim como o apoio do presidente dos Estados Unidos as indústrias norte-americanas de combustíveis fósseis. Se confirmada, a medida terá grande impacto na navegação e no comércio mundial, vaticinou o LL.        
        Na sua campanha eleitoral, Trump criticou repetidamente os acordos comerciais internacionais, como o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que envolve EUA, México e Canadá) e o TPP (Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica, ainda em gestação, abrangendo 12 países da Ásia e América, incluindo os EUA).
        O presidente-executivo da Masterbulk, Nicholas Fisher, afirmou que os EUA já haviam se comprometido a cumprir alguns dos principais acordos em nível internacional, como a regulamentação as águas de lastro. "Não há nada que sugira que o novo governo norte-americano, de Donald Trump, faça alguma coisa para melhorar o que foi conseguido até agora", desabafou o executivo.
         Segundo Fisher, a retórica de Trump durante a campanha eleitoral sugere uma estratégia contínua de "caminhar (os EUA) sozinho", com um enfoque isolacionista. Essa possibilidade deverá tornar as atividades de navegação mais custosas e complexas, previu ele, inclusive com risco de os EUA descumprirem acordos comerciais firmados anteriormente.
        O entendimento entre especialistas internacionais do setor é de que as posições de Trump não favorecem o comércio global. O primeiro sinal foi emitido pelas bolsas de todo o mundo e seguem com um retraimento imediato nas perspectivas de investimentos em projetos de risco, concentrando-se em refúgios seguros como o ouro.
          A expectativa é de que em um primeiro momento a indústria da navegação, que luta para se adequar às dificuldades da economia mundial desde a crise de 2008, fique em alerta e sem anúncios de novos projetos. Conforme analistas, a queda de 4,25% nas operações da gigante Maersk Line, maior armadora global, serve de barômetro para os tempos duros que devem vir com o triunfo do candidato republicano.
           "O mercado norte-americano é muito importante e influencia todo o mundo", destacou um porta-voz da Maersk, que não quis se identificar. "É natural especular sobre como o resultado da eleição de Trump impactará no nosso negócio", completou ele. A preocupação dos analistas com as possíveis medidas protecionistas por parte de Washington é de que elas ainda poderão impulsionar a adoção de políticas similares em outros países, como a China. 
          "O maior risco para o transporte marítimo é que se o protecionismo se efetive também em outros países, num efeito cascata", observou o diretor-executivo da SealIntelligence Consulting, de Copenhague, Lars Jensen. "A médio e curto prazos isso afetaria negativamente tanto os armadores como os terminais portuários em nível mundial", calculou ele.
           O presidente da Scorpio Tankers, maior transportadora de produtos refinados de petróleo, com uma frota de 90 navios,  Robert Bugbee, mostrou-se otimista  com o cenário internacional. "Negócios são negócios, não creio que Trump queira ser um presidente que transtorne o comércio mundial. Como todo político, tem uma postura pública e outra em privado, quando conversa com sócios comerciais", assegurou
            

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