segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Armador prevê crescimento de apenas 1% em 2017 no mercado brasileiro

         “O Brasil terá um Natal ligeiramente melhor do que o do ano passado, graças à previsão de que o período de festas deve trazer o primeiro resultado de crescimento anual desde 2010, com queda nas importações e uma tímida retomada da produção e da confiança nacionais”, avalia o relatório da Maersk Group para o mercado internacional, realizado a partir de dados do DataLiner.
         O armador menciona o aumento das exportações de commodities agrícolas, alavancadas pela disparidade cambial que enfraqueceu o real durante o ano, e o enfraquecimento das vendas no terceiro trimestre, mas declara como evidente a necessidade de mais abertura e de mais acordos bilaterais para a economia brasileira, bem como o desenvolvimento de planos de concessões para reduzir a dependência do país nas variações cambiais.
         Para 2017, a Maersk Line prevê que o mercado brasileiro deva registrar crescimento de não mais do que 1%, praticamente metade do que a companhia acredita que será o crescimento da demanda mundial. “Finalmente, enxergamos um Natal ligeiramente melhor, porém, temos de nos lembrar de que a nossa base de comparação é bastante baixa, uma vez que passamos por cinco anos sucessivos de queda drástica nos volumes”, avaliou Antonio Dominguez, Diretor Administrativo do cluster da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul.
        Ainda no relatório da companhia, Dominguez explicou que o Brasil está novamente em transição, com uma menor queda nas importações, e uma refreada nas exportações, o que provavelmente tende a reverter a tendência do segundo trimestre (quando as exportações superaram as importações, posicionando o País como um bom exportador em termos de volumes de containers).
         Além da necessidade de trabalhar as suas fronteiras, suspender barreiras, estabelecer acordos bilaterais e desenvolver as concessões, Antonio Dominguez mencionou também a redução da burocracia como crucial para o avanço do país.
         O Diretor Comercial da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, Nestor Amador, concorda que o País precisa traçar um plano para não depender tanto do câmbio. “O crescimento das exportações do País é muito dependente da depreciação do real, e isso precisa mudar, para o bem do país, da indústria e da agricultura. Atualmente a 9ª economia mundial, o Brasil precisa urgentemente melhorar as condições para deixar de configurar como 70º na lista das economias mais fechadas do mundo, e voltar a crescer para ganhar uma posição entre os Top Five”.
         Ao American Shipper, Antonio Dominguez contou que o mercado tinha esperanças de que a economia se recuperasse mais rápido do que está acontecendo de fato. “Não é que as coisas estejam piorando, mas infelizmente elas não estão melhorando tão rapidamente como esperávamos”, disse, em entrevista à publicação americana.
         “Para o setor marítimo, a demanda bastante fraca por importações tem restringido o crescimento das exportações, na medida em que reduz a oferta de navios e equipamentos de manuseio de containers para suprir o mercado internacional”, explicou.
         João Momesso, Diretor de Trade e Marketing, detalhou a situação: diante da economia retraída, o brasileiro tem comprador menos mercadorias de outros países, o que levou os armadores a reduzir os seus serviços para o Brasil e para a costa leste da América do Sul, acompanhando a queda na demanda – o que causou também redução de capacidade para exportar.
         “O desequilíbrio entre importações e exportações também se traduz em menos containers disponíveis no país, para serem usados para exportação”, alertou Momesso, acrescentando que a rota da Ásia para a América do Sul foi a que mais sofreu retração de oferta. Em suma, Momesso avisa que “o potencial das exportações tem sido tolhido pelo mercado de importações”.
         Já para a Europa, onde também se realizam os transbordos das cargas destinadas ao Oriente Médio e a África, os operadores conseguiram manter o equilíbrio da demanda e dos serviços. Também há otimismo no setor de cargas refrigeradas, de acordo com o relatório da Maersk, realizado a partir de dados do DataLiner. No ano passado, os volumes para a China tiveram aumento de 10 a 15%. Neste ano, a Maersk encomendou mais de 50.000 novos containers refrigerados, baixando a idade média da frota de 12 anos (parâmetro internacional) para 7,9 anos.

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