quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Tendência é de que em dez anos cargas mundiais sejam transportadas em navios inteligentes

          A tendência é de nos próximos dez anos a maioria das cargas mundiais já estejam sendo transportadas por navios inteligentes, os “smart ships”. Mas, para chegar até lá, algumas mudanças na cadeia logística ainda devem ser feitas para adaptar os processos para que façam bom uso, tanto da tecnologia quanto do imenso volume de informações que ela deverá gerar.
         Segundo Sue Terpilowski, presidente da associação feminina de profissionais de transporte marítimo (WISTA UK – the Women’s International Shipping & Trading Association), o avanço da tecnologia pode representar oportunidades para as mulheres nesse segmento. Ela explica que a trajetória da navegação terá sido de um início “bastante pobre em termos de geração e aplicabilidade de dados”, para a vanguarda das novas tecnologias.
         O que vai mover essa mudança, explicou Terpilowski, será a demanda dos próprios clientes.
Também diretora da empresa de comunicação Image Line, Sue Terpilowski afirmou que, entre as mudanças esperadas, deveremos ter até navios “falantes” nos próximos 10 anos. “Até mesmo a pintura do navio será feita de modo a fornecer informações sobre as ondas que atingem a embarcação", relatou.
         "Os novos navios vão fornecer dados sobre o peso, e os pontos do navio em que a carga sobrecarrega a estrutura do deck, quais os trechos mais apropriados para slow steaming, além de outros elementos operacionais. Serão várias as oportunidades para a indústria, mas será que o mercado está preparado para aproveitá-las?”, questionou ela.
         Sue Terpilowski vai ainda mais longe, afirmando que a inteligência das embarcações será a força motriz que vai determinar o futuro da indústria, o tipo de navio empregado para cada carga e as competências necessárias para a tripulação do futuro. Porém ela lembra que as mudanças que acompanham a tecnologia deverão acontecer em diversas esferas, desde legisladores até setores financeiros e de atendimento ao cliente, algo para o qual os operadores deverão se preparar, por exigência do próprio mercado.
       Acenando para as tecnologias já disponíveis hoje em dia, e que poderão ser aplicadas às embarcações do futuro, Terpilowski citou os conceitos de M2M (machine to machine) e a IoT (internet of things) como canais de conectividade em logística. “O setor de logística requer transparência. Para fazer logística inteligente, um navio inteligente precisa ter níveis otimizados de produtividade, com inventários reduzidos, o que permite um planejamento de duas vias: compra/serviços inteligentes e produtos de uma gama ampla de origens”, argumentou.
         Entre os benefícios citados pela especialista, os smart ships trazem segurança e qualidade para a carga, redução e otimização de custos com containers e outros equipamentos, eficiência logística, inclusive no que se refere ao uso da infraestrutura, possibilidade de rastreamento e monitoramento de embarques multimodais em tempo real, com grandes vantagens para as cargas refrigeradas, que poderão ter sua temperatura controlada com rigorosa precisão durante toda a operação.
         Outras duas vantagens importantes, embora não tangíveis, seriam a preservação ambiental, com uso mais eficiente de combustível, e o controle de atividades ilícitas, com o monitoramento mais preciso de cargas. No entanto, embora as novas embarcações sejam de fato movidas a tecnologia, Sue Terpilowski não acredita que elas venham a substituir ou dispensar a tripulação humana.
         Pelo contrário, ela afirmou que a nova geração de smart ships deve, na verdade, aumentar a segurança do trabalho, e transferir algumas das funções, que hoje são desempenhadas a bordo, para centros operacionais em terra. Já as habilidades requeridas ao profissional, essas sim, sofrerão alterações. Com olhos para o mercado de trabalho, a WISTA aposta na tecnologia para abrir mais frentes de trabalho para mulheres na indústria da navegação.
        “Com uma mudança no nível de capacitação, muda também a forma como os indivíduos trabalham, tanto em termos de operações quanto de planejamento e treinamento”, previu a presidente da associação, que enxerga, na tendência, uma “oportunidade de ouro” para o avanço das mulheres no setor de navegação.

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