sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Chineses visitam regiões brasileiras e mostram interesse em investir em portos e ferrovias

         Uma missão empresarial chinesa, formada por duas delegações, visitou o Brasil neste mês, manifestando interesse em portos, ferrovias e outras infraestruturas de transporte do país. Caso os contatos se transformem em investimentos, podem ser a solução para baixar construir as obras necessárias para baixar os custos logísticos e reafirmar a recuperação econômica por meio do comércio exterior.
         O correspondente do Journal of Commerce no Brasil, Rob Ward, que acompanhou os chineses da primeira delegação, revelou que a agenda do diretor do Shanghai Port Services, Hu Hong Rui, e uma série de outros líderes de Xangai, que viajaram pelo país com a Mac Logistic, envolve buscar oportunidades na cidade de Manaus, onde há planos de instalação de um novo porto que ainda precisa de investimentos, adjacente à área de livre comércio.
         A delegação visitou também o estado do Rio de Janeiro, onde o Sepetiba Tecon procura compradores dispostos a desembolsar de R$1 a R$ 1,5 bilhão de reais. Reuniu-se ainda com executivos da Multiterminais, que, de acordo com fontes do JOC.com, poderia estar tentando uma parceria com os chineses para financiar a compra do Sepetiba Tecon.
         A segunda delegação reuniu-se com Pedro Taques, governador estadual de Mato Grosso, e o embaixador chinês no Brasil, Xia Xiaoling, além de diretores da estatal ferroviária China Railway Construction Corporation Ltd. O tema da discussão foi o financiamento e apoio para os R$ 40 bilhões necessários para a construção da ferrovia Bioceânica que conecta o Atlântico ao Pacífico.
         Segundo um especialista consultado pelo JOC, a probabilidade de a China investir nos portos seria bastante alta. Mas ressalvou que os investimentos na Bioceânica soam “de certa forma especulativos”, disse Rob Ward.
         Por mais especulativo que possa parecer, o investimento na ferrovia tem total apoio do embarcador brasileiro, especialmente aqueles do interior, como os produtores do Mato Grosso, que ganhariam com o custo reduzido de transportes e menores transit times para tornar mais competitivas no mercado internacional a exportação de commodities como a soja, o minério de ferro, frango, carne e outros produtos.  Mato Grosso é o estado que mais exporta para a China, tendo a soja e a carne como principais produtos.
         Com oito países no alvo das expansões da exportação brasileira de carne de porco e frango, cinco dos quais claramente beneficiados pelo projeto ferroviário do corredor bioceânico (Índia, Japão, Indonésia, Malásia e China) é bastante possível que ele se torne uma realidade. Entre as empresas beneficiadas estão a BRF Brasil Foods, JBS SA, Marfrig, Boi Brasil, Seara e Doux Frangosul.
         A construção é um projeto gigantesco, com cerca de 900 quilômetros de trilhos, que ajudariam a completar os 4,5 mil quilômetros do corredor Bioceânico. O projeto foi anunciado em um acordo feito entre o Brasil, a China e o Peru no ano passado.
        Rob Ward afirmou que, durante a reunião com o governador do Mato Grosso, o embaixador chinês disse precisar de total apoio do Estado para que o projeto siga adiante. O governador garantiu o apoio e prometeu acionar lobistas em Brasília para mais investimentos, enquanto providencia estudos técnicos e de viabilidade para o projeto.

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