sexta-feira, 26 de maio de 2017

Crise política aumenta dificuldade para enfrentar os desafios dos gargalos portuários

         O Estado de Pernambuco vive a mesma em relação aos gargalos no setor portuário, apresentando deficiências como as registradas em diversos outros portos brasileiros, segundo o presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino. Para ele, contudo, os desafios impostos aos atracadouros se tornam ainda maiores diante das dificuldades do cenário político-econômico do Brasil.
        Durante visita a Pernambuco, Aquino falou sobre essas questões, nesta semana, no auditório do Porto do Recife. Entre os principais gargalos, ele citou as deficiências na infraestrutura portuária, como a falta de dragagens de aprofundamento e manutenção. Atualmente, a realização das dragagens é competência Federal, mas muitas obras estão pendentes. “É uma questão básica de sobrevivência de todo porto: se não há a dragagem os navios não podem carregar totalmente. Isso implica em perdas na operação”, explica.
         No caso do Porto do Recife, por exemplo, essa questão é prioridade absoluta. O assoreamento causado pela vazão dos rios Capibaribe e Beberibe prejudica diretamente o desempenho, uma vez que a última dragagem foi realizada em 2012. Assim, navios que poderiam sair do atracadouro carregados de 50 mil toneladas de açúcar “levam apenas 30 mil toneladas e seguem para completar o carregamento em outros portos nordestinos”, como já explicou o presidente do porto recifense, Carlos Vilar.
         A falta de autonomia do Estado para a realização dos investimentos nos portos de Suape e do Recife também foi apontada por Aquino como um entrave. Essa independência foi perdida por todos os atracadouros nacionais a partir da edição da Lei dos Portos, em 2013. O Governo Federal prometeu iniciar o processo de devolução da autonomia por Suape, o que deveria ter acontecido neste mês, porém a crise do Governo Michel Temer atrapalhou os planos do Estado.
         Aquino comentou que, mesmo após a edição de um decreto beneficiando Suape, pode levar um tempo até que as dificuldades enfrentadas pelo atracadouro sejam totalmente sanadas. Isso porque, além de descentralizar o sistema portuário, para ele também será preciso mexer em outros aspectos legais e recuperar o poder deliberativo dos Conselhos de Administração Portuária (CAP).
         O presidente da Fenop ainda defendeu um forte programa de treinamento no setor. A entidade propõe a reestruturação do Sistema S portuário para um modelo semelhante ao adotado na indústria e no comércio. “Hoje as empresas portuárias arrecadam para o Sistema S, mas o gerenciamento é feito pela União”, criticou.

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