domingo, 28 de maio de 2017

Autoridades do Brasil negociam com chineses quota de importação de açúcar sem taxas adicionais

          Autoridades do governo do Brasil negociam com a China na esperança de criar um acordo comercial que possibilitaria uma quota de importação do açúcar brasileiro isenta de taxas adicionais. A estratégia foi revelada por Eduardo Leão, diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
        A iniciativa surge depois que a China impôs, na semana passada, mais taxas à importação do açúcar, além do imposto atual de 50% sobre as compras acima das quotas estipuladas, para tentar proteger sua indústria nacional. O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar do mundo e também é o principal fornecedor da China.
         As novas tarifas implicariam uma redução de cerca de 800 mil toneladas por ano das remessas brasileiras ao país asiático, lembrou Leão. Ele acrescentou que as taxas adicionais "não se justificam".
      O gabinete do Ministro das Relações Exteriores do Brasil não quis comentar imediatamente as negociações. Caso as negociações atuais entre o Brasil e a China sobre um novo acordo não forem bem-sucedidas, o setor açucareiro vai "deixar claro" ao governo que uma queixa deve ser apresentada à OMC, adiantou Leão.
        A China impôs uma taxa adicional de 45% que será cobrada por 12 meses, informou o Ministério do Comércio no dia 22 de maio. A taxa cairá para 40% no ano que começa em 22 de maio de 2018 e para 35% no ano seguinte, segundo o Ministério.
       A China começou a investigar as importações em setembro depois que as remessas dispararam e prejudicaram a indústria local. O país também ampliou medidas contra o contrabando de açúcar nas principais regiões fronteiriças, inclusive Myanmar.
      A China estipulou uma quota anual de importação de 1,95 milhão de toneladas para este ano, a mesma de 2016. O país importou 3,1 milhões de toneladas em 2016, segundo dados alfandegários. Estima-se que um volume de 2 milhões de toneladas entre por ano no país asiático através do contrabando, de acordo com Leão.
      O setor brasileiro gostaria que a quota fosse de 3 milhões de toneladas anuais, com impostos em torno de 15%, disse Leão. Essa quantidade equivaleria à metade dos 6 milhões de toneladas que o país asiático precisa importar a cada ano, disse ele.
      Taxas mais pesadas não vão mudar a demanda chinesa pela commodity, disse Bruno Lima, diretor de açúcar da INTL FCStone, em entrevista por telefone. "As necessidades do país persistirão, e essa quantidade de açúcar vai entrar de qualquer jeito, inclusive por contrabando", acrescentou.

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