quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Indústria naval e offshore quer revisão de normas técnicas e redução de impostos para voltar a crescer

         A indústria naval e offshore no Brasil, mesmo em meio a um período de revisão de rumos e planejamento para superar desafios, pretende retomar aos níveis ostentados até pouco tempo. A expectativa para que isso ocorra, segundo lideranças do setor, repousa na necessidade de rever normas técnicas e reduzir impostos e taxas cobradas nos estaleiros para que o resultado seja uma melhor e maior competitividade.
         O diretor de Relações Institucionais da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Marcio Fortes, disse acreditar no potencial para assumir novas demandas e voltar a gerar empregos e desenvolvimento para o país. Ele defendeu que a indústria naval reveja o papel que a Petrobras tem na sustentação do setor e foque em uma maior presença no mercado externo.
        “O segmento sofre com a vinculação excessiva à Petrobras e deixa de aproveitar outras oportunidades como a cabotagem. Outra questão é ampliar as competências para fomentarmos a competitividade internacional. Com isso, podemos falar em retomada”, criticou o empresário.
        O Gerente do Departamento de Gás, Petróleo e Bens de Capital do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Marcelo Martins, destacou que, além da cabotagem, a pesca é outro campo promissor. “É um momento desafiador para a indústria naval, que no Brasil sempre andou muito de mãos dadas com o petróleo e gás, um segmento muito cíclico em todo o mundo. Por conta disso, acredito que este ano e o próximo serão dedicados ao planejamento, uma boa oportunidade para avaliar novos rumos para setor, que pode ampliar seu campo de atuação”, relatou.
        O superintendente da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo), Alfredo Renault, observou que a efetividade da pulverização geográfica na expansão da indústria naval brasileira também deve ser discutida pelo setor. “É importante refletirmos se este foi o caminho correto, ao invés de concentrarmos a produção em poucos clusters, já estruturados com toda a cadeia de fornecimento e serviços”, explicou.
         Renault fez, no entanto, uma previsão positiva para 2017: “Acredito que o próximo ano será positivo para o setor de petróleo, refletindo, consequentemente, na indústria naval. Haverá uma maior abertura para o capital privado, com os novos leilões previstos para o pré-sal, tornando o segmento mais dinâmico”.
Executivos destacaram ainda que que é preciso pensar no reparo naval como um fator estratégico para o país.
        O superintendente do Estaleiro Renave (Empresa Brasileira de Reparos Navais), Luiz Eduardo Campos de Almeida, defendeu essa posição e recordou que, recentemente, três embarcações que encalharam no Brasil foram reparadas em outros países como a China, por conta do custo. “Para termos um mercado de reparos navais competitivo precisamos rever os obstáculos como os altos custos portuários, por exemplo. Se o armador souber que o reparo em estaleiros do Rio tem valor competitivo, vai ampliar as rotas de navegação por aqui, fomentando o mercado”, apontou.
        Além disso, a necessidade e formação de mão de obra e a revisão de políticas como a de Conteúdo Local (CL) são ações que precisam, na opinião dos executivos serem implantadas no Estado do Rio de Janeiro. “Neste aspecto precisamos ver quais são as nossas vocações e depois pensar no que somos competitivos dentro das necessidades da indústria”, disse Marcelo Dreicon, assessor de Planejamento e Gestão Estratégica da Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro).

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