segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Empréstimos de risco de R$ 140 milhões a Iesa e outras empresas causam prejuízo ao Badesul que leva sanção do BNDES

         A história que levou o Badesul, banco de fomento do Rio Grande do Sul, à inviabilidade financeira remonta aos quatro anos de gestão do governador Tarso Genro (PT), entre 2011 e 2014. Nesse período, a instituição multiplicou exponencialmente à liberação de financiamentos, principalmente para clientes de risco, negligenciado a exigência de garantias de pagamento e subestimando a fragilidade das operações, em atrito com normas do Banco Central.
         A política resultou em calotes sofridos pelo Badesul. Empresas de porte grande e médio tomaram empréstimos milionários, não fizeram os investimentos prometidos e o dinheiro se perdeu. Pior: não pagaram as prestações dos financiamentos. A dívida ficou com o banco gaúcho.
         Na prática, a conta caiu no colo do contribuinte e do governo estadual, controlador da instituição. O banco, na época, era presidido pelo engenheiro Marcelo Lopes, militante petista, que já ocupou diversos cargos em administrações do partido. Os empréstimos não pagos somam R$ 140 milhões. Os de maior valor envolveram a Iesa, R$ 40 milhões e a Windpower, R$ 50 milhões.
         No final de 2013, as operações de risco de letra "B ou pior", com potenciais clientes sem condições de pagar, conforme análise feita pela área técnica do Tribunal de Contas do Estado, equivaliam a 198,2% do patrimônio líquido do Badesul, fixado à época em R$ 732 milhões. O calote fez com que o BNDES, do qual é agente (e que repassa 95% dos valores movimentados pelo banco gaúcho), cancelasse a captação de novos recursos junto a instituição federal.
         A Iesa, empresa gaúcha pertencente ao grupo paranaense Inepar, estava impedida nos idos de 2011 e 2012 de contratar empréstimos no BNDES porque sua controladora estava com pendências cadastrais no banco. O Badesul, decidido a apoiar a implantação do estaleiro da companhia em Charqueadas (região metropolitana de Porto Alegre), resolveu tirar do próprio bolso os R$ 40 milhões para emprestar. A estratégia era de o Badesul inicialmente custear a operação enquanto a situação não se regularizasse (fato incomum na história do banco), o que nunca aconteceu.
        No papel, a Iesa iria se instalar no polo naval de Charqueadas (foto) e construir equipamentos para a Petrobras e outras empresas da indústria naval. O polo não vingou, os contratos com a estatal petrolífera foram suspensos por descumprimento de cláusulas contratuais e a Iesa acabou afastada do projeto do polo naval gaúcho, sonho que fracassou (a outra ponta fica em Rio Grande e São José do Norte, que operam em condições precárias).
       Entre as irregularidades no contrato do Badesul com a Iesa, constam detalhes como o fato de sequer o terreno onde ficariam as instalações pertencer à empresa. Apenas após a concessão do financiamento é que a Prefeitura de Charqueadas desapropriou a área e a doou à Iesa. O mesmo terreno, depois dado em garantia ao banco, foi avaliado em R$ 3,9 milhões na desapropriação e, posteriormente, teve o preço elevado para R$ 13,9 milhões ao ser dado em garantia ao Badesul.
       O ex-presidente do Badesul, Marcelo Lopes, justificou o empréstimo, afirmando que "ninguém fazia projetos imaginando que o país iria entrar em crise". Argumentou que "não é o presidente (do banco) que vai fazer análise de crédito". Lopes acrescentou que "nenhuma das empresas (contratantes dos empréstimos" faliu, estão em recuperação judicial. Portanto não significa que temos perda definitiva". (fonte: Zero Hora)

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