quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Divergências entre diretores da Codesp pode atrasar obra de expansão do terminal da VLI

         A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), administradora do Porto de Santos, o maior da América Latina, está envolta em divergências entre seus diretores, que podem atrasar as obras de expansão da VLI, empresa de logística que tem a mineradora Vale (37,6%), a gestora canadense Brookfield (26,5%) e a japonesa Mitsui (20%) como principais acionistas.
         Nesta semana, uma parte da diretoria da autarquia deverá analisar um relatório de técnicos da estatal que poderá aprovar ou não o prosseguimento das obras de dragagem para a expansão do terminal da VLI. Na sexta-feira, o martelo será batido de vez sobre o assunto, revelaram fontes ligadas ao complexo portuário santista.
         O impasse ganhou força no início do mês, quando os diretores da Codesp discordaram da posição do presidente da estatal, Alex Oliva, de liberar definitivamente as obras de dragagem da VLI, que está investindo cerca de R$ 3 bilhões para ampliar sua presença no porto.
         A polêmica, segundo as fontes, é que para fazer as obras de dragagem - necessárias para o terminal portuário receber navios de maior porte - seria preciso escavar uma grande quantidade de lama, que poderia estar contaminada com material tóxico, na região de Cubatão (litoral paulista), e transportar para uma área cedida pela Codesp, que fica em alto-mar e a cerca de 40 km dessa região. Parte da diretoria pediu mais estudos de viabilidade de risco, mas o presidente da Codesp teria autorizado a continuidade das obras.
         Alex Oliva disse que houve um "mal entendido". Segundo ele, as discussões sobre as obras de expansão da VLI ocorrem há pelo menos dois anos. Em julho, a Codesp deu uma pré-autorização para as obras de dragagem. "A expectativa era de que a homologação se tornasse definitiva."
         O presidente afirmou que uma parte dos diretores pediu mais prazo para aprovar as obras para dragagem. "Essas discussões ocorrem há muito tempo e a VLI contratou uma empresa que está acompanhando todo esse processo que não é nocivo ao meio ambiente", relatou.
         Esta semana, de acordo com o presidente da Codesp, a diretoria vai reavaliar se as obras podem continuar ou não. "Mas as obras não estão paradas", garantiu. Uma fonte próxima aos outros diretores contou que o objetivo não é barrar a expansão da VLI, mas tomar medidas mais cautelosas. A VLI não quis comentar a discussão envolvendo a polêmica da Codesp.
        As obras de ampliação do Tiplam (Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita) é uma das maiores em curso no segmento portuário privado e permitirá que o porto amplie seus volumes de escoamento dos produtos movimentados (fertilizantes, enxofre e amônia) e passe também a exportar grãos e açúcar. A conclusão das obras está prevista para 2017. O volume movimentado saltará dos atuais 2,5 milhões de toneladas anuais para 15 milhões.
         As obras para de dragagem do Canal de Piaçaguera começaram em 2013 e atualmente têm cerca de 90% dos trabalhos concluídos, segundo a empresa. O projeto de expansão do Tiplam obteve autorização dos órgãos competentes, como Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e foi chancelado como prioritário pela Secretaria de Portos (SEP). A VLI informou que obteve em julho anuência prévia da Codesp para as obras de dragagem.

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