quarta-feira, 20 de julho de 2016

AEB eleva projeção de superávit da balança comercial em 2016 de US$ 29 bilhões para US$ 46 bilhões

         A mudança na dimensão da recessão interna refletindo nas importações, combinado com o nível de crescimento da China impactando as exportações de commodities e a crise na Argentina prejudicando as transações envolvendo manufaturados, levaram a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) a alterar sua projeção para os resultados da balança comercial de 2016.
         As exportações deverão alcançar US$ 187,504 bilhões, valor superior aos US$ 187,443 bilhões previstos em dezembro do ano passado. Já as importações foram revisadas para baixo: de US$ 158,215 bilhões para US$ 140,570 bilhões. A entidade recalculou ainda sua projeção para o superávit, que passou de US$ 29,228 bilhões para US$ 46,934 bilhões.
         A recente valorização cambial do real e a saída do Reino Unido da União Europeia, segundo o relatório da Associação também poderão impactar negativamente as exportações de manufaturados ainda esse ano. A AEB indicou também que 60%  dos negócios estão concentrados na Aladi e nos Estados Unidos.
         Conforme o relatório produzido pela entidade a projeção dos dados da balança comercial para 2016 mostra desaceleração, com as exportações de US$187,504 bilhões sinalizando queda de 1,9% em relação a 2015, as importações de US$140,570 bilhões redução de 18% e o superávit de US$46,934 bilhões elevação de 138,4%.

         O superávit de US$ 46,934 bilhões previsto para 2016 será, uma vez mais, um “superávit negativo”, pois será devido à queda das importações ser maior que a redução das exportações, e não por elevação das exportações. Ainda assim, este superávit, caso se confirme, será recorde histórico, superando os US$ 46,456 bilhões apurados em 2006.
         O ajuste nas exportações teve como destaque três principais produtos: soja em grão, minério de ferro e petróleo, que de acordo com o relatório podem representar 23,1% das exportações em 2016, menos que os 24,5% em 2015.

         Pelo segundo ano consecutivo, a soja será o principal produto de exportação do Brasil. Até a 1ª quinzena de julho foram embarcadas 42 milhões de toneladas de soja em grão, representando 76,4% das 55 milhões de toneladas programadas para embarque em 2016.
         A AEB trabalha com a estimativa de que 2016 deverá ser o quinto ano consecutivo de queda das exportações, passando de US$ 256,039 bilhões em 2011 para estimados US$ 187,504 bilhões em 2016, queda de 26,8%. O superávit de US$ 46,934 bilhões projetado para 2016, apurado nesta única revisão anual, é 60,5% superior aos US$ 29,228 bilhões projetados em 16 de dezembro de 2015”, mostra o relatório da Associação.
         Apesar da taxa cambial mais favorável vigente no 2º semestre de 2015 e no 1º semestre de 2016, a participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação permanecerá praticamente inalterada em torno de 38%. Mas a associação advertiu que a taxa cambial ajuda, mas não resolve o problema do elevado "Custo-Brasil", que prejudica a competitividade na exportação.
         A previsão da OMC de crescimento de 2% do comércio mundial em 2016 e a queda de 2,1% prevista nas exportações brasileiras deverá reduzir de 1,16% para 1,11% a participação do Brasil nas exportações mundiais, segundo a projeção da Associação que ainda alertou para uma possível perda de posição no ranking de exportação, que hoje se encontra na 25ª posição. Estas projeções foram baseadas nos cenários e perspectivas atuais, com mudança na dimensão da recessão interna refletindo nas importações, no nível de crescimento da China impactando exportações de commodities e crise na Argentina refletindo nos manufaturados.

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