Antes que
março termine, o presidente Jair Bolsonaro – que esteve nos Estados Unidos e no
Chile nos últimos dias – ainda tem pela frente uma viagem a Israel, onde
desembarca no próximo domingo (31). A intensa agenda internacional cumprida ao
longo deste mês reuniu em um curto intervalo destinos que já vinham sendo
sinalizados, desde a campanha eleitoral, como prioritários para o governo.
Em Israel, Bolsonaro retribuirá a
presença do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em sua posse, mas,
principalmente, buscará negociar, ao lado do chanceler brasileiro, Ernesto
Araújo, e outros integrantes de seu primeiro escalão – ainda não confirmados –
ampliação de trocas na área comercial, em ciência e tecnologia e na cooperação
em segurança pública e defesa.
Presença quase certa na comitiva, o
ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, esteve
no país do
Oriente Médio no início do ano para conhecer projetos de inovação e tecnologias
estratégicas que despertam interesse brasileiro como as instalações de
dessalinização de água. Por mais de uma vez, a administração Bolsonaro destacou
a expertise israelense nesta área, com sofisticados sistemas de irrigação e
dessalinização e uso de sementes resistentes à seca. Medidas que poderiam ser
replicadas como solução para o Semiárido brasileiro.
No campo comercial, as conversas
devem se concentrar nas exportações brasileiras de carne bovina e soja. Os
produtos integram uma carteira de vendas brasileiras para Israel, que, no ano
passado, superaram a marca dos US$ 293 milhões, segundo dados do Ministério da
Indústria e Comércio do Brasil. Em contrapartida, o Brasil importou, em mercadorias
do Oriente Médio, US$ 1,060 bilhão. O maior volume de importação se concentra
em produtos como cloreto de potássio (28% do total), além de inseticidas e
herbicidas, que respondem por 24% das exportações.
O Itamaraty classifica as relação entre
os dois países de cordial e positiva. Israel chegou a enviar um equipe
de militares e equipamentos para ajudar nas buscas de mortos na tragédia de Brumadinho, em janeiro.
Dados do governo brasileiro apontam presença de significativa comunidade
judaica no Brasil, estimada em mais de 100 mil pessoas, considerada a décima
maior do mundo. As realções diplomáticas entre Brasil e Israel foram
estabelecidas em 1949 e, em 1951, foi criada a Legação do Brasil em Tel Aviv –
elevada, em 1958, à categoria de Embaixada. Israel estabeleceu embaixada no
Brasil em 1955.
O debate sobre a sede da embaixada
brasileira em Israel foi uma das questões aventadas por Bolsonaro desde a
campanha. O então candidato à presidência do Brasil defendeu a mudança da
embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo decisões semelhantes
as adotadas pelos Estados Unidos e Guatemala. Mas, o governo decidiu amadurecer
o tema.
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