Petrobras confirma construção de casco da plataforma P-71 na China e provoca indignação em Rio Grande

         A Petrobras confirmou que o casco da plataforma P-71 será construído na China e a integração dos módulos acontecerá no Espírito Santo. A decisão provocou indignação entre líderes sindicais e a comunidade nas cidades de Rio Grande e São José do Norte, no Rio Grande do Sul. A falta de encomendas atingiu o polo naval da região que chegou a empregar mais de 10 mil pessoas, número hoje reduzido a algumas centenas.
         A estatal havia rompido o contrato com o estaleiro Ecovix no final de 2016 e desistido da produção no Sul. O que sobrou do casco da P-71 está parado no complexo gaúcho. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado disse que em torno de 50% da estrutura está pronta no Ecovix.
         Segundo o sindicalista, se o casco fosse concluído em Rio Grande, seriam necessários de 800 a 1 mil empregados. "O fato de terminar os trabalhos no Espírito Santo não tem problema. É tranquilo. O que incomoda é o casco estar metade pronto aqui em Rio Grande", criticou Machado.
         A Petrobras informou que o Cimc Raffles será o estaleiro chinês responsável pelo casco da P-71. No Espírito Santo, o Jurong fará a conclusão dos trabalhos com a integração dos módulos. "Quando a Petrobras rescindiu o contrato, a conclusão da P-71 ficou em aberto. O sucateamento tem efeitos desastrosos para a sociedade local", avaliou Danilo Giroldo, presidente do APL (Arranjo Produtivo Local, Polo Naval e de Energia.
         A escassez de encomendas da Petrobras nos estaleiros gaúchos é resultado de nova política da estatal. Ao ressaltar custos de produção reduzidos e menor tempo de entrega no exterior, a companhia tem apostado nas compras fora. A estatal acrescentou que "por questões de ordem técnica e econômica, a alternativa de aproveitar os blocos já fabricados no Sul não é a que melhor atende aos interesses da empresa." A Engevix não se manifestou sobre a situação.