O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina subiu 2,9%
no trimestre encerrado em janeiro deste ano, em comparação aos três
meses até outubro de 2015, para 72 pontos, segundo levantamento feito
pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre/FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo. Antes, o índice
trimestral estava nos 70 pontos.
A leve melhora foi motivada por avanços tanto na percepção sobre o
momento corrente quanto sobre o futuro. O Índice de Situação Atual (ISA)
subiu de 58 para 60 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE)
avançou de 82 para 84 pontos. "Ambos, no entanto, continuam na zona
desfavorável do ciclo, característica de períodos de recessão", diz a
FGV, em nota.
Diante do quadro, a melhora no ICE deve ser analisada com cautela,
acrescentou a instituição. "Todos os países selecionados para análise da
América Latina registraram melhora no clima econômico, com exceção de
Chile e México. No Chile, o resultado confirma os prognósticos de baixo
crescimento para o país, que é dependente do preço do cobre. No México, a
queda do preço do petróleo, com impacto negativo sobre as receitas
fiscais, e a expectativa de aumento na taxa de juros nos Estados Unidos
levaram a uma piora nas expectativas."
Nos três meses até janeiro, o ICE completou 11 trimestres abaixo de
sua média histórica. Além disso, apenas dois dos 11 países investigados
na América Latina estão em nível favorável (acima de 100 pontos):
Paraguai e Argentina. No caso da Argentina, houve sensível melhora no
indicador de clima econômico, que saltou de 72 pontos no trimestre até
outubro para 109 pontos entre novembro e janeiro, uma alta de 51,4% no
período. O empresário Mauricio Macri assumiu o posto de novo presidente
argentino no final do ano passado.
"Nesse caso, a Argentina sobressai, com o avanço do IE de 94 para
166 pontos entre outubro e janeiro. Os especialistas, portanto,
aprovaram as medidas inicias do novo governo e revelaram grande otimismo
com o futuro cenário da economia argentina. O IE do Uruguai, embora na
zona desfavorável, avançou em 86%, um reflexo do resultado argentino."
O clima econômico do Brasil, por sua vez, melhorou 6,8% no período,
ao passar de 44 para 47 pontos. Parte dessa alta pode ser também efeito
argentino, segundo a FGV. "A Argentina é o terceiro principal mercado
de exportação dos produtos brasileiros e o segundo para manufaturas. A
desvalorização da moeda brasileira, junto com o anúncio de eliminação
das barreiras protecionistas na Argentina, pode ter sido um dos fatores
que influenciaram a melhora das expectativas."
A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e
antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas
trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos
países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia em todos os países
da região.
Para a edição até janeiro de 2016, foram consultados 1.085
especialistas em 120 países. Na América Latina, foram 127 analistas
ouvidos. A escala oscila entre o mínimo de 20 pontos e o máximo de 180
pontos. Indicadores superiores a 100 estão na zona favorável e abaixo de
100 na zona desfavorável.
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