quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Bovespa vai operar também com formadores de mercados na negociação de compra e venda de commodities

         A BM&FBovespa anunciou que começará a operar em maio com formadores de mercado também na negociação de opções de compra e venda de produtos como soja, petróleo, boi gordo, milho, açúcar e etanol hidratado. A declaração foi feita pela gerente de produtos do agronegócio na bolsa paulista, Fabiana Perobelli.
         "A demanda do setor agropecuário é alta porque o mercado de opções é simples, mas havia o desafio de garantir liquidez e dar agilidade às negociações. Acreditamos que a inclusão dos formadores de mercado atrairá mais gente para o mercado", disse ela em evento sobre financiamento privado do agronegócio, realizado nesta quarta-feira (24) na capital paulista.
         Os formadores de mercado já estão presentes na negociação futura de commodities. No mercado de opções, comprador e vendedor acertam um preço para o produto a ser vendido com base nas cotações do mercado e uma data para o vencimento da opção.
        Os produtores já usam este recurso como forma de garantir um preço remunerador por seu produto e se precaver contra oscilações no mercado. Sem o formador de mercado, entretanto, a negociação ocorria diretamente entre as partes, mediada apenas pelas corretoras, o que acabava levando a uma diferença maior entre o preço oferecido pelo comprador e o pedido pelo vendedor.
         "O formador de mercado, que pode ser um banco ou empresa com expertise neste segmento, acompanha os preços do mercado e mantém pequena a diferença entre o preço ofertado pelas partes compradora e vendedora", explicou a gerente da BM&FBovespa. Estas instituições, de acordo com Fabiana, é que garantirão a liquidez diária das opções, ao ofertar durante todo o dia na tela da bolsa ofertas de compra e venda de produtos do agronegócio. Com o preço do produto colocado na tela, produtores tendem a gastar menos tempo avaliando propostas, já que o valor será estabelecido pelo formador de mercado.
         A BM&FBovespa enxerga o mercado de opções, ainda, como alternativa para o governo federal reduzir despesas com seguro de preço para os produtores. Isso porque, para adquirir opções, o produtor paga um prêmio (parcela pequena comparada ao valor da opção). Parte do prêmio, na avaliação da gerente da BM&FBovespa, poderia vir a ser subvencionada pelo governo, que desta forma reduziria gradualmente o montante destinado a seguro, já que pagaria não pelo prejuízo do sinistro mas somente pelo prêmio.
          "O produtor garantiria sua renda em caso de imprevistos e o governo arcaria apenas com a subvenção de parcela do prêmio, liberando recursos para segmentos que ainda não operam no mercado de capitais, como arroz, por exemplo", explicou Fabiana.
         Segundo o diretor do Departamento de Estudos Econômicos da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, presente no evento, o assunto já está na pauta de discussões da pasta. Fabiana não soube estimar o crescimento do mercado de opções vinculados a produtos agrícolas com a inclusão de formadores de mercado.

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