quinta-feira, 24 de maio de 2018

Greve dos caminhoneiros provoca desabastecimento e prejudica exportações

          As consequências dos protestos de caminhoneiros em todo o Brasil já se espalham por diversos setores da economia, provocam desabastecimento de produtos em algumas áreas e geram prejuízos com exportações não realizadas, situação que pode piorar com a decisão da categoria de seguir com as manifestações.
         O agronegócio é um dos segmentos mais afetados. A ABPA e a Abiec, associações que representam as indústrias de carnes, comunicaram que 129 unidades estão com as atividades suspensas em razão da falta de matérias-primas e insumos e que 90% da produção nacional pode ser interrompida até sexta-feira, se os protestos continuarem.
          “Deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas de carne de frango e suínos, o equivalente a uma receita de US$ 60 milhões que deixa de ser gerada para o país. No caso da carne bovina, são cerca de 1.200 contêineres que deixam de ser embarcados por dia”, informaram as associações em nota. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo e começa a sentir também problemas na oferta doméstica em virtude das manifestações.
          “Os estabelecimentos menores e de cidades pequenas ou regiões metropolitanas –que mantém um ciclo de entrega de produtos a cada dois dias– já estão com o abastecimento comprometido. Essa dificuldade pode atingir os grandes centros nos próximos dias,” acrescentou a nota.
          Cooperativas produtoras de carnes do Paraná e até empresas maiores, como BRF, Aurora e Marfrig, alertaram entre terça-feira e esta quarta sobre a suspensão de atividades em diversas unidades. “A suspensão da operação de abate e industrialização tornou-se inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impossibilita a passagem de caminhões com insumos necessários para abastecer as indústrias, aves vivas para o abate, expedição dos estoques para atender clientes e mercados a nível regional e nacional,” explicou Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Cooperativa Lar, de Medianeira (PR).
          Os protestos dos caminhoneiros, contrários à alta do diesel começaram na segunda-feira e ganharam corpo no decorrer dos dias, abrangendo mais de 20 Estados. Representantes do movimento se reuniram com autoridades do governo na tarde desta quarta-feira, mas não chegaram a um acordo e afirmaram que vão manter a greve.
          Combustível mais consumido no país, o diesel acumula alta de mais de 45% desde julho do ano passado nas refinarias da Petrobras, na esteira de uma nova política de formação de preços da estatal que visa seguir o mercado internacional e o câmbio, entre outros fatores. A estatal adotou uma política mais agressiva após perder mercado para importadores.

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