quinta-feira, 29 de junho de 2017

MP prorroga prazo para Codesp escolher locais onde queimar gases tóxicos armazenados no Porto de Santos

         O Ministério Público de Guarujá prorrogou, até a próxima segunda-feira, o prazo para que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a estatal que administra o Porto de Santos, informe novas opções de locais para a queima de 115 cilindros com gases tóxicos armazenados no complexo marítimo. Enquanto isso, a Autoridade Portuária afirma que está monitorando as cargas, encontradas há dois anos em instalações do cais e, hoje, guardadas na região do Valongo.MP
         O plano da Docas era queimar o conteúdo dos cilindros na Base Aérea de Santos, no distrito de Vicente de Carvalho,em Guarujá. Entre as cargas, está a fosfina (outra denominação do hidreto de fósforo), que é altamente tóxica e usada para erradicar pragas. O material seria retirado do Valongo, carregado em uma embarcação e levado até a unidade da Aeronáutica, que fica às margens do canal de navegação. 
         No entanto, a Prefeitura de Guarujá é contra o transporte dos cilindros para o município. A alegação é de que a população da cidade não pode ser exposta a um risco, já que a própria Codesp reconhece o potencial destrutivo da carga.
         Inicialmente, a Autoridade Portuária informou que, se um dos cilindros apresentar vazamentos, há a possibilidade de explosões. E como se tratam de gases tóxicos, o problema ainda poderia ocasionar a evacuação de vários bairros da cidade. 
         Mas, segundo o diretor-presidente da Docas, José Alex Oliva, a situação não é tão alarmante. O executivo afirma que os cilindros estão sendo monitorados através de câmeras e que há uma empresa contratada para avaliar as condições da mercadoria perigosa. 
         “Não há motivo para pânico. Todas as medidas estão sendo tomadas e a situação está sob controle. O descarte (dos cilindros) será feito como manda a lei”, destacou o responsável pela Autoridade Portuária, sem especificar mais detalhes. 
         Desde a semana passada, quando o assunto foi discutido no Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Condema) de Guarujá e ganhou visibilidade, agentes da Guarda Portuária também passaram a fazer rondas nas proximidades do armazém onde está o carregamento. Uma viatura permanece durante todo o dia no entorno do local, que está fechado com cadeados. 
         Apesar de aparentarem bom estado, os cilindros com produtos tóxicos e explosivos perderam a garantia de controle de suas válvulas. Por isso, segundo a Codesp, há a necessidade de uma destinação adequada para o material.
         O problema é que, enquanto isso, a carga permanece em um armazém sucateado. O telhado da instalação está deteriorado, assim como as paredes e toda a sua estrutura. O local conta com vidros quebrados e grande quantidade de pombos e sujeira no entorno. 
        Procurada, a Prefeitura de Santos informou que a Defesa Civil acompanha as ações da Companhia Docas e tem conhecimento dos planos que devem ser acionados em casos de emergência. No entanto, a Administração Municipal não se posicionou sobre os riscos à população. Disse apenas que os cilindros estão em área de responsabilidade da Autoridade Portuária.
         A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os procedimentos a serem adotados e os riscos relacionados com os cilindros carregados com produtos químicos no Porto de Santos.

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