Armador do Paraguai propõe serviço com navio ro-ro entre portos gaúchos e argentinos

          Autoridades do Rio Grande do Sul, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento dos portos de Rio Grande e Porto Alegre, examinam o desenho de uma nova rota para o transporte aquático. O projeto prevê conectar, com frequência quinzenal, os dois terminais do Estado com Buenos Aires ou Zárate, na Argentina. O plano é revelado pelo gerente comercial da companhia paraguaia ISL (Independencia Shipping Lines), Ignacio Iturburu.
          A pauta integrou a agenda do governador gaúcho Eduardo Leite, em sua visita oficial a Montevidéu, dias 21 e 22 de agosto, quando estava acompanhado do embaixador Antonio Simões e de uma numerosa delegação de lideranças públicas e privadas. A nutrida agenda abrangeu reuniões com o presidente uruguaio Tabaré Vázques, o chanceler Nin Novoa, o ministro dos Transportes e Obras Públicas, VictorRossi e autoridades da ANP (Administración Nacional de Pueertos), entre outros organismos.
          O grupo também fez uma apresentação do Estado em um almoço organizado pela Associación de Dirigentes de Marketing. Após este encontro, Leite se reuniu com representantes da ISL, entre eles, Iturburu, no escritório da empresa na capital do Uruguai. Depois, foi levado para conhecer o navio Índigo, que permanece fundeado na área do Porto de Montevidéu. A embarcação foi construída em 1990, para o transporte de caminhões e contêineres, mede 125 metros de cumprimento, por 20m de largura, alcança velocidade de 21 km por hora e pode carregar 60 caminhões.
          "O principal objetivo do governador é reduzir os custos logísticos no Estado e entende que nosso barco reúne as características para que, depois de feitas algumas adaptações, possa navegar na hidrovia da Lagoa dos Patos e Lago Guaíba, em direção ao Oceano Atlântico e dali até o Rio da Prata, atingindo a capital argentina", disse o gerente comercial da ISL.
          "Exceto o Porto de Porto Alegre, que precisaria de obras de adaptação, os demais terminais da rota prevista já oferecem infraestrutura adequada para receber navios ro-ro. A grande vantagem é que o nosso é um navio multipropósito, não apenas pode mover veículos, mas também contêineres. Não é um barco muito grande e isto o posiciona favoravelmente para desenvolver projetos em nível internacional regional", analisou Iturburu

          "Há uma corrente interessante de negócios entre o Rio Grande do Sul e a Argentina, por isso o governador Leite está interessado em buscar alternativas ao transporte rodoviário, que reduza os custos logísticos e permita que exportadores brasileiros chegem com mais força competitiva a outros mercados", explicou o executivo da ISL.

          Segundo Iturburi, em princípio, o Porto de Montevidéu não integraria a proposta. Ele também reconheceu que a conjuntura econômica argentina poderia gerar incertezas para concretizar um projeto como este, ainda que não signifique, a priori, que não se possa implementá-lo. "Eles (autoridades gaúchas) estão interessados no projeto", garantiu o gerente comercial.

          O representante da ISL destacou que depois do encontro a ideia é seguir intercambiano informações e promover novas reuniões para continuar avançando no projeto. Ele acenou ainda com uma possibilidade mais ousada: a de de que o serviço possa conectar com outro porto argentino e até chegar a costa do pacífico, com um terminal chileno.