terça-feira, 22 de agosto de 2017

Gigante japonesa negocia compra do Tesc de São Francisco do Sul

         A gigante japonesa Marubeni, cuja principal atuação é como trading de grãos, está em conversas avançadas para comprar o Terminal Portuário de Santa Catarina (Tesc). O complexo, que é multiuso, está localizado no porto de São Francisco do Sul (SC).
         O negócio estaria avaliado em aproximadamente R$ 300 milhões. E sua importância reside principalmente no fato de que ampliará a presença da Marubeni no Brasil e especialmente sua participação no porto catarinense - onde já tem um ativo. A companhia comprou em 2011 o terminal Terlogs, especializado na movimentação de granéis sólidos.
         No mundo, a Marubeni Corporation registrou receita total equivalente a US$ 65 bilhões no ano fiscal terminado em março.
         Originalmente um terminal dedicado a disputar o mercado de movimentação de contêineres na região Sul do país, o Tesc não se adaptou às novas dimensões dos navios porta-contêineres que navegam na costa brasileira e perdeu espaço nesse nicho. Hoje opera basicamente carga geral não conteinerizada, entre elas as de grandes dimensões, produtos siderúrgicos e, principalmente, granéis sólidos.
         O banco Credit Suisse estava conduzindo o processo de busca por interessados no Tesc. Muitas empresas mostraram interesse, mas o candidato óbvio sempre foi a Marubeni, dadas as potenciais sinergias com o Terlogs - as instalações não são contíguas, mas soluções poderiam ser estudadas para interligá-las, por exemplo. Nos últimos 15 dias as conversas avançaram e se tornaram bilaterais. Mas não há exclusividade.
         O Tesc é uma sociedade entre a Nityam - veículo da Logz, holding que investe em ativos de logística e é controlada por um dos fundos da BRZ Investimentos - e a Portonovo, uma sociedade entre a Logz e investidores regionais.
         No fim de julho o Tesc conseguiu renovar antecipadamente o contrato de arrendamento da área cais de São Francisco do Sul, o que pode ter pesado para as negociações se afunilarem. Não há, contudo, uma data para a conclusão do negócio.
         A renovação antecipada do prazo de arrendamento do Tesc mediante novos investimentos foi qualificada em março na lista de empreendimentos públicos federais no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). É a primeira das seis renovações portuárias antecipadas que constam da segunda rodada do PPI.
         O terminal foi arrendado em 1996 com prazo de 25 anos e teve o contrato prorrogado por mais 25 anos - até maio de 2046. Serão investidos R$ 141,2 milhões nos quatro primeiros anos. Os recursos que serão destinados à ampliação da capacidade de movimentação de cargas.
         Serão construídos três silos com capacidade estática para 63 mil toneladas; a área será expandida em 8.150 metros quadrados; haverá automação de atividades; e um desvio ferroviário, com capacidade para até 80 vagões. Com esses investimentos, a meta é ampliar em 1,5 milhão de toneladas a movimentação de granéis sólidos por ano a partir do exercício de 2023.
         Com esses investimentos, a empresa quer promover o crescimento da sua movimentação por meio da diversificação das cargas, focando, além dos granéis sólidos como grãos, no escoamento de fertilizantes. As exportações de soja pelo porto de São Francisco do Sul vêm crescendo nos últimos cinco anos, a uma taxa média próxima de 13% ao ano. O Tesc fica próximo à rodovia BR-101, o que permite rápido acesso aos principais grandes centros do Mercosul.
         Procurados, o Credit Suisse e o Tesc disseram que não comentam. A Marubeni informou que não comenta especulações de mercado.

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