terça-feira, 8 de agosto de 2017

Codesp quer destruir cilindros com gases tóxicos em alto-mar

         Os 115 cilindros com gases tóxicos "esquecidos" no Porto de Santos, serão destruídos em alto-mar em até dez dias, se todo o plano de trabalho for aceito pelas autoridades. A proposta foi apresentada nesta semana pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual, na sede do órgão, em Santos. 
         Nesta terça-feira (8), o plano elaborado para a destruição dos produtos químicos será apresentado ao Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP). O aval da Autoridade Marítima é necessário para o andamento de todo o processo.
        A recomendação da Suatrans, Atendimento Emergencial, empresa contratada pela Docas para monitorar os cilindros, é de que os gases sejam destruídos a, pelo menos, 232 quilômetros da costa – quase seis vezes a distância entre a orla e o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (que está a 42 quilômetros). A medida visa garantir a segurança da operação. Além disso, o espaço marítimo e também o aéreo deverão ser isolados em um raio de cinco quilômetros. 
        Sete cilindros contêm gases explosivos e 108, inflamáveis. Por conta disso, a destruição será feita de quatro maneiras, conforme o produto armazenado, pois há um método indicado para cada produto. De acordo com o Gaema, 15 cilindros contém diborano, 41 estão carregados com silano, 34 com fosfina, 16 com cloreto didrogênio, oito com diazometano e um com trifluoreto de boro.
        “Para cada produto, há um método de destruição, com alternativas estudadas para eventual falha, sendo as características físicas e químicas distintas. E há um risco maior existente pelo fato da possível degradação química dos produtos, em virtude do tempo de armazenamento, mais de 20 anos”, destacou a promotora de Justiça do Gaema, Almachia Zwarg Acerbi. 
        O transporte dos produtos será feito por balsas. Também está prevista a presença de uma embarcação de apoio operacional e logístico. 
        “Com a escolha da forma, em 10 dias, a gente consegue fazer toda a logística e viabilizar. Mas não depende só da gente”, destacou o diretor de Engenharia da Docas, Hilário Gurjão, que participou da reunião na sede do Gaema. “A gente vai depender da anuência dos órgãos: Ibama e Capitania dos Portos. Vamos encaminhar e, tão logo eles respondam, nós já vamos estar preparados para o procedimento”, completou.
        Segundo o Gaema, toda a resposta de emergência na operação foi analisada com o apoio de um software desenvolvido para detectar cenários de terrorismo com armas de destruição química. 
De acordo com o plano de trabalho encaminhado pela Docas, a operação para os gases explosivos (diborano e diazometano) será feita à distância, com acionamento remoto. Já para o silano, foi construído um reator, que será usado na destruição. Foi elaborado, ainda, um sistema de lavagem de gás para o cloreto de hidrogênio e trifluoreto de boro. Já a fosfina será destruída mediante pirolise, um fenômeno de destruição térmica.
        Quatro opções haviam sido cogitadas pela Suatrans para o descarte dos gases tóxicos. A Pedreira Engebritas foi descartada pelo risco de seu acesso e a necessidade de transporte terrestre entre Santos e Cubatão. A Ilha de Bagres, no Canal do Estuário, também foi considerada inviável em virtude de condições de vegetação, da proximidade de um terminal portuário e da presença de pessoas no entorno. 
        A destruição dos gases na Base Aérea de Santos, em Guarujá, também foi considerada inviável por conta de condições climáticas e da proximidade de populações. 
        Os últimos detalhes para a destruição dos cilindros serão discutidos na próxima sexta-feira, no Gaema. A ideia é que, nesta ocasião, todos os apontamentos de órgãos anuentes já tenham sido feitos. 
Também ontem, a promotora Almachia Acerbi criticou a ausência do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), em uma reunião para tratar do assunto, na semana passada. “É lamentável a ausência do prefeito diante de uma matéria tão complexa para ser discutida”.

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