quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cargas que caíram de navio da Log-In alcançam área de preservação em São Sebastião

         Potes de plásticos, escovas de dente, embalagens e produtos natalinos estão entre as mercadorias que chegaram, pelo mar, ao Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes, em São Sebastião, no Litoral Norte do Estado, nos últimos dias. Trata-se de cargas dos 46 contêineres que caíram no mar, no início do mês, na Barra de Santos. Enquanto isso, o navio que os transportava, o Log-in Pantanal, deixou o cais santista nesta terça-feira (29). Sua armadora arcará com uma multa de R$ 10 mil pelos danos ambientais. 
         Na madrugada do último dia 11, depois de concluir uma operação no cais santista, o Log-In Pantanal aguardava, na Barra de Santos, por uma nova janela de atracação. O navio retornaria ao complexo para concluir seu carregamento. Mas a queda dos 46 contêineres no mar atrasou seus planos. 
         A operação no Porto de Santos foi concluída apenas nesta terça-feira (29) no Terminal de Contêineres (Tecon), que fica na Margem Esquerda (Guarujá). Na instalação, o cargueiro recebeu 209 contêineres e desembarcou apenas uma caixa metálica. Depois, na manhã de ontem, deixou o complexo santista. 
         Mas os vestígios da contaminação ainda são vistos em toda a região. A poluição no Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes foi constatada por analistas ambientais do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão responsável pela gestão da unidade de conservação. 
         Os produtos estão espalhados pela região do Saco do Funil, enseada que fica na parte norte da ilha de Alcatrazes. De acordo com o ICMBio, em vistoria, foi possível identificar mercadorias que podem causar impacto sobre a fauna da área protegida. 
        A preocupação está relacionada aos produtos que podem ser ingeridos por tartarugas ou levados por aves para os ninhos. Entre os artigos encontrados, estavam bolas usadas como enfeites de Natal – embrulhadas em sacos de plásticos, que causam grandes riscos à fauna. 
        As ações do ICMBio não se encerram com a autuação da armadora do navio, a Log-In. Novas vistorias serão realizadas para verificar se houve impactos no ecossistema protegido, especialmente à fauna. Estamos também em comunicação com a empresa que está realizando o serviço de limpeza desses materiais, a fim de propiciar os meios necessários para que os responsáveis cumpram com sua obrigação de recolhimento dos mesmos também em Alcatrazes”.
        Após o recebimento do auto de infração, que será enviado pelos Correios, a Log-In terá 20 dias para apresentar sua defesa ao ICMBio. Além disso, a armadora receberá, hoje, a notificação do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que estabelece o prazo de 30 dias para o recolhimento de 38 contêineres que ainda estão submersos.
       Técnicos do Instituto Argonauta, uma organização que atua no monitoramento das praia da Bacia de Santos, vem encontrando, desde a semana passada, nas areias de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba produtos que foram transportados no Log-In Pantanal. 
       Na semana passada, as mercadorias chegaram às praias de Guaecá, Baraqueçaba e Grande, em São Sebastião, e Itaguaçu e Perequê, em Ilhabela. A quantidade recolhida foi equivalente ao volume de uma caminhonete. Na quarta-feira, as mesmas mercadorias começaram a aparecer na praia das Toninhas, em Ubatuba.

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