quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Despachantes acreditam que flexibilização argentina nas exigências para entrada no país agilizará fluxo de pessoas e cargas na fronteira

O governo argentino anunciou a flexibilização a partir do dia 29 de janeiro dos requisitos para a entrada no país de turistas das nações vizinhas, que terão o mesmo tratamento exigido dos cidadãos nacionais, sendo dispensados de apresentar teste de PCR. A determinação liberou também o ingresso de não vacinados, total ou parcialmente, desde que apresentem documento de exceção de vacinação e façam testes e quarentena. “A medida vai melhorar o fluxo de pessoas e cargas na fronteira, porque não haverá mais o tempo de demora aguardando o resultado do PCR para poder entrar na aduana”, comemorou o despachante aduaneiro Claudio Rodrigues, de Uruguaiana (RS).

“Essa posição do governo argentino é um progresso, que já era para ter ocorrido há bastante tempo”, destacou o também despachante aduaneiro de Uruguaiana, Rogério Gromoski.  A decisão de Buenos Aires na prática mexe mais com a população fronteiriça que circula dos dois lados da fronteira, entende ele. “Hoje, o que acontece é que os argentinos que vêm ao Brasil, quando retornam são barrados na entrada para o seu país. Só em um hotel da cidade tem mais de cem pessoas do país vizinho de quarentena, esperando negativar o teste para poder voltar”, revela o despachante. Em relação aos transportadores, o despachante diz que a solução seria “acabar com a exigência do PCR para os motoristas”.

O trânsito facilitado de pessoas é a maior alteração com o novo protocolo, também na avaliação de Rodrigues, mas os transportadores igualmente serão beneficiados, salienta. “Cerca de 250 caminhões passam em média por dia no porto seco de Uruguaiana e os motoristas de todos esses carros precisam aguardar o resultado do PCR para poder cruzar a aduana, acarretando demora e mais custos”, ressalta.  “A medida do governo da Argentina também favorece o comércio local porque a população poderá circular de forma mais facilitada”, acrescenta.

A decisão argentina foi embasada na predominância da variante ômicron da Covid-19, que indica afetar de forma menos grave os vacinados. As medidas, publicadas no Diário Oficial nesta quarta-feira, 26, determinam que a partir de sábado, argentinos e residentes, e também brasileiros, uruguaios, paraguaios, bolivianos e chilenos que estiverem completamente vacinados há mais de 14 dias, poderão entrar no país sem testes de Covid-19, sejam exames de PCR ou de antígeno. Esses beneficiados também ficarão isentos de uma quarentena preventiva. A decisão objetivou especialmente facilitar a entrada de brasileiros, os turistas estrangeiros que mais visitam a Argentina e que são os que mais gastam no país.

Se por um lado, o protocolo argentino traz alívio, por outro, as dificuldades na fronteira entre Argentina e Chile seguem preocupando os envolvidos com o comércio exterior brasileiro. “O governo chileno está agindo de modo absurdo, não arreda pé das suas exigências, as aduanas em Mendoza (Argentina) e Santiago (Chile) ficam no meio do deserto, dificulta a realização do teste, nas instalações no lado chileno não há banheiros, tem caminhoneiro abandonando seu veículo carregado, porque não tem nem comida, pegam carona e vão embora”, critica Rogério Gromoski. Ele ressalva que a intransigência não ocorre do lado argentino.

Claudio Rodrigues acredita que as medidas adotadas por Buenos Aires facilitarão a movimentação na fronteira do país com o Brasil. Mas, assim como Gromoski, ele também afirma que a demora maior é devido ao acúmulo de caminhões na fronteira entre a Argentina e o Chile. “Não se acha uma solução imediata, os chilenos criaram restrições para a entrada e saída de carros do pais, que ficam até 12 dias esperando em Mendoza para poder entrar no país andino”, lamenta.  E isso repercute no Brasil, segundo ele, porque as transportadoras evitam aceitar cargas para lá. Otimista com a expectativa de melhora no tráfego de pessoas e caminhões na fronteira oeste gaúcha, e esperançoso em relação a uma solução para o problema na aduana chilena, Rodrigues  espera ainda uma outra mudança. “Agora, falta a chuva chegar a Uruguaiana e acabar com a seca que vem assolando a região, com os termômetros registrando mais de 40 graus”.  

 

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