quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Furacões no Caribe provocam elevação nos fretes dos navios petroleiros

          A transformação da Ásia em um importante provedor de hidrocarbonetos refinados para o continente americano, fez com que a série de furacões que varreram o Caribe nos últimos dias tenha contribuído para elevar as tarifas de fretes dos navios petroleiros que cumprem o tráfego entre as duas regiões. A avaliação foi feita por executivos deste mercado.
       Em média, o ajuste da produção originada nos Estados Unidos, tem aumentado os valores dos contratos para transportar gasolina e jet oil desde o norte da Ásia, e a partir de Singapura para a América  do Sul e a Costa Leste dos Estados Unidos e do México.  "A totalidade da América do Sul e da Costa Oeste do México passará a contar com novos serviços marítimos", revelou um especialista em chartering baseado em Singapura.
         Desde começo de agosto, as tarifas na rota Singapura-USWC para os navios-tanques do tipo MR subiram 50%, chegando a US$ 1,4 milhão, segundo informações da S&P Global Platts. Para o mesmo período, os fretes na rota Coréia do Sul-USWC aumentaram 36%, alcançando US$ 1,2 milhão.
         Uma embarcação foi posicionada em um itinerário para a rota Coréia do Sul-USWC em US$ 1,26 milhão, com opções para descarregar no Chile em US$ 1,685 milhão. Ainda que tenha sido um feito eventual, é indicador de um mercado em expressiva alta, explicaram os analistas.
         As tarifas para a América do Sul e Costa Oeste do México estão ainda mais altas devido às múltiplas alternativas de portos de descarga, o que favorece os armadores que buscam bonificações. Como a maioria das refinarias norte-americanas ainda estão fechadas ou funcionando parcialmente os consumidores buscam satisfazer suas necessidades em outros pontos. Cerca de um milhão de b/d da capacidade de refino permanece parada e outras 2,75 milhões b/d da capacidade estão em processo de reativação.
 están en proceso de reactivación.
         Em torno de 20 navios-tanque MR e mais de meia dezena de tanqueiros LR1 haviam sido fretados na Ásia para transportar combustível até o continente americano, disse o executivo antes citado. "Essa situação está começando a melhorar muito as coisas", acrescentou ele.
       Segundo atores do mercado, a expectativa é de que esta tendência seja mantida. Além disso, as consequências do furacão Harvey se somou ao efeito do Irma, que já em em seus primeiros dias de evolução, provocou alguma escassez de combustíveis na Flórida e o Katia, que obrigou o fechamento de Tuxpan, porto que recebe 42% das importações totais de gasolina do México.
         No atual cenário, os armadores tem a possibilidade de aumentar seus ganhos, mais ainda, se tem entregas nos EUA ou na América do Sul. Um tanqueiro MR com saídas desde a Coréia do Sul pode entregar uma carga em dois ou três dias, mesmo que uma viagem de ida e volta na rota USWC possa se estender por até 38 dias, incluindo cargas e descargas, com possibilidade de atraso de ao menos dois dias.
         "Todos os armadores agora querem fazer viagens trans-Pacíficos", contou um executivo do setor de Sinagapura. Como efeito secundário, buscam obter tarifas mais altas para viagens intra-asiáticas. Segundo estimativa de alguns brokers, um petroleiro MR de tipo ecológico, que é relativamente mais econômico que seus competidores mais antigos, no consumo de combustíveis, pode ter lucro de US$ 16 mil por dia na rota USWC, 30% acima em relação a agosto.
         Os lucros igualmente se verificam nas rotas envolvendo Japão e Austrália. A lista de armadores, traders e refinarias que operam nestas rotas incluem Koch, Norient, Torm, PMI, Chevorn, BP, Exxon e Trafigura. Os furacões no Caribe beneficiaram todos os atores desse mercado. "Em setembro, esperava-se que grande parte das cargas iria do Mediterrâneo para a Ásia, o que não está ocorrendo por causa da firmeza do mercado dos EUA", afirmou um especialista em chartering de uma companhia global de trading de matérias primas. A medida que mais tanqueiros LR1 se afastam do transporte de gasolina nas rotas Europa-América a oferta diminui no Golfo Pérsico, observou uma fonte.

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