sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Estaleiros gaúchos devem demitir 1,5 mil trabalhadores até o final de outubro

             Os estaleiros EBR (São José do Norte) e QGI (Rio Grande), sem novas encomendas à vista e com o trabalho em execução chegando ao fim, devem demitir pelo menos 1,5 mil empregados até o final de outubro. O EBR está terminando a instalação dos módulos da plataforma P-74 e, com isso, afastará cerca de 500 pessoas na próxima semana. O QGI encerrará  no final do mês que vem a montagem dos módulos das plataformas P-75 e P-77.
             Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, o EBR conta com 2,8 mil empregados. Como a plataforma será entregue em janeiro e não há novos contratos, os demais trabalhadores devem igualmente ser afastados. A direção do estaleiro não se manifesta sobre o assunto.
            Em Rio Grande, a situação é parecida. Depois de finalizado os trabalhos em andamento, ainda há contrato com a Petrobras para integrar os módulos aos cascos, que passam por conversão na China. Atrasados há mais de um ano, não existe certeza de quando devem chegar à cidade gaúcha. Assim, dos 1,2 mil trabalhadores, em torno de mil devem ser dispensados em outubro, permanecendo apenas 200, que se ocupam de tarefas administrativas e manutenção do canteiro.
            O presidente do sindicato, Benito Gonçalves, sustenta que os módulos de uma das plataformas podem ser levados para a China. Com isso, apenas uma seria finalizada em Rio Grande. Mas há outra versão: os módulos que serão embarcados para a Ásia seriam outros, que estariam apenas depositados no canteiro da empresa pela Petrobras e não fariam parte das encomendas.
           "Mesmo que os cascos venham, é trabalho para dois meses e acabou. É o fim do polo naval", lamentou Gonçalves. Embora não exista previsão de quando os cascos aportem em Rio Grande, a vinda de ao menos um garantiria recontratação de 700 pessoas. Se os dois chegarem juntos, o número aumenta. Mesmo assim, por poucos meses.
           O quadro se repete no estaleiro Rio Grande, operado pela Ecovix, em recuperação judicial. Restam apenas 200 pessoas trabalhando na manutenção do canteiro após a Petrobras levar a construção de cascos para a Ásia. Havia a reivindicação para que a petroleira aproveitasse a P-71, com mais da metade do casco concluído. Mas a decisão da estatal foi outra. O aço no canteiro da P-71 e P-72, foi vendido como sucata. O corte das chapas, ao menos, gerou 100 empregos.
            O vice-reitor da Furg (Universidade do Rio Grande), Danilo Giroldo, também presidente do arranjo produtivo local Polo Naval e de Energia, mantém a esperança. A expectativa é de que haja reviravolta na definição de percentuais mínimos de conteúdo nacional para as plataformas, reduzidos este ano pelo governo. Assim, a região poderia ganhar novo fôlego.

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