O Porto de Los Angeles, na Califórnia (foto), registrou volumes altíssimos em junho, movimentando 892.340 TEUs, um aumento de 8% em relação ao ano anterior, marcando o junho mais movimentado em seus 117 anos de história. "Alguns importadores estão trazendo cargas de fim de ano agora, prevendo possíveis tarifas mais altas posteriormente", disse Gene Seroka, diretor executivo do Porto de Los Angeles.
"Julho pode ser o nosso mês de pico, já que varejistas e fabricantes fazem pedidos mais cedo do que o habitual e se preparam para a incerteza comercial." Mas os volumes nas rotas Transpacíficas não haviam caído? O analista da indústria marítima Lars Jensen destaca que o contexto é "de vital importância" para a compreensão desse desenvolvimento.
Ele explica que o anúncio da suspensão das tarifas entre os EUA e a China em 12 de maio levou a um aumento imediato de cargas da China para os EUA, "principalmente cargas que haviam sido retidas", enfatiza. Segundo o analista, reservar, carregar e, por fim, embarcar essa carga leva tempo, e as companhias marítimas só conseguiram aumentar significativamente a capacidade a partir do início de junho, portanto, esses são os volumes esperados para chegar a Los Angeles durante o mês de junho.
Isso, acrescenta Jensen, coincide com a recuperação das tarifas spot cotadas na segunda quinzena de maio e no início de junho. No entanto, ele observa, "a recuperação das reservas (e das tarifas spot) terminou apaticamente em meados de junho, já que os importadores americanos não viam mais a consolidação antecipada como uma forma útil de mitigar o risco tarifário que enfrentavam". Esta última descrição está mais alinhada com a tendência atual das tarifas.
De acordo com Judah Levine, chefe de análise da Freightos, "uma baixa temporada de pico levou a um rápido declínio nas tarifas spot", que para a rota Ásia-Costa Oeste dos EUA (USWC) caíram 24% na semana passada, para US$ 2.369/FEU, enquanto na Costa Leste caíram 5%, para US$ 4.888/FEU. No longo prazo, o principal impulsionador das taxas de transporte de contêineres é o consumo, mas, considerando esse fator, há poucos sinais que incentivem a ideia de um novo aumento na demanda. Pelo contrário, Levine alerta para sinais que podem encorajar a tendência oposta, observando que "parece que as tarifas estão finalmente começando a ser sentidas nos preços ao consumidor nos EUA, com a inflação subindo 2,7% em junho".
Ele explica que, em situações como essa, os importadores passaram os últimos cinco anos aprendendo a antecipar seus embarques sempre que possível (lições aprendidas com uma série de interrupções: COVID-19, o bloqueio do Canal de Suez pelo "Ever Given", conflitos armados, guerras comerciais e mau tempo), o que poderia ter retardado o impacto. Mas ele enfatiza que "essa margem de manobra se esgotou e a situação pode piorar".
De fato, a instabilidade parece estar se perpetuando, já que agora é a União Europeia (UE) que está preparando tarifas de retaliação sobre US$ 84 bilhões em produtos americanos, assim como os EUA planejam impor tarifas de 30% sobre a UE e o México a partir de 1º de agosto. As tarifas anunciadas não são imutáveis No entanto, diante desses anúncios, Jensen enfatiza que "vale a pena notar que, apesar de Trump continuar a emitir cartas anunciando novas tarifas a partir de 1º de agosto, nenhuma delas ainda é juridicamente vinculativa.
Em vez disso, o que atualmente é juridicamente vinculativo é o decreto do "Dia da Libertação", que define os níveis originais das tarifas recíprocas, bem como o decreto que suspende a implementação até 1º de agosto". Nesse sentido, ele enfatiza que "todas as declarações tarifárias contidas nas cartas enviadas somente serão legalmente válidas quando/se uma ordem executiva ou outra ordem legal, por exemplo, do Congresso, for emitida", portanto, os novos anúncios tarifários indicados nas diversas cartas "permanecem sujeitos a um certo nível de incerteza até que tais ordens sejam emitidas". Por enquanto, resta aguardar para ver quais tarifas serão confirmadas em 1º de agosto.

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