O Conselho Mundial de Navegação Marítima (WSC) publicou seu relatório anual sobre perdas de contêineres no mar em 2025. O documento revelou que 576 contêineres foram perdidos em 2024, de mais de 250 milhões transportados globalmente. Esse número representou um aumento em relação aos 221 contêineres registrados em 2023, mas permanece significativamente abaixo da média da última década, estimada em 1.274 contêineres por ano.
O número de 2024 equivale a 0,0002% do total de contêineres movimentados por mar. Apesar do aumento em relação ao ano anterior, o relatório destaca uma tendência de queda sustentada a longo prazo. O relatório observa que o aumento está diretamente relacionado a interrupções nas rotas comerciais globais, especialmente aquelas resultantes de conflitos que afetam a navegação no Mar Vermelho. Essas circunstâncias forçaram inúmeras companhias de navegação a desviar seus navios para rotas mais longas e expostas, particularmente ao redor do Cabo da Boa Esperança.
O trânsito por essa área aumentou 191% em comparação com 2023. Nesse corredor, caracterizado por condições climáticas imprevisíveis e ondas severas, quase 200 contêineres foram perdidos, ou aproximadamente 35% do total do ano. Três incidentes foram responsáveis por grande parte dessas perdas, com 44, 46 e 99 contêineres perdidos em cada caso. Desde que a WSC começou a monitorar as perdas de contêineres no mar, houve flutuações acentuadas, com picos como os de 2013 (5.578 contêineres perdidos, em grande parte devido a um único incidente) e os de 2020 e 2021, que totalizaram milhares de unidades perdidas devido a incidentes de grande escala.
No entanto, desde 2022, a tendência tem mostrado uma redução considerável. A média móvel de perdas durante 2022-2024 foi de 489 contêineres por ano, em comparação com os 1.061 relatados no triênio anterior. Além disso, pelo segundo ano consecutivo, são incluídos dados de recuperação: em 2024, dois contêineres foram localizados e recuperados. O relatório enfatiza ainda que a segurança de contêineres envolve todos os atores da cadeia logística. Do operador de contêineres e expedidor, aos estivadores, terminais portuários e operadores de navios, cada um tem responsabilidades específicas para garantir que os contêineres estejam aptos para o transporte, devidamente embalados, declarados e protegidos.
O cumprimento de regulamentações como a Convenção para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS), o Código de Unidades de Transporte de Carga (CTU) e o Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas (IMDG) é considerado essencial para prevenir incidentes, tanto durante o carregamento quanto no mar. Os sistemas de estiva devem considerar o peso, o tipo de carga e sua localização a bordo, utilizando ferramentas tecnológicas para maximizar a estabilidade e a segurança da embarcação. Vale ressaltar que, a partir de 1º de janeiro de 2026, será obrigatório notificar a Organização Marítima Internacional (IMO) sobre todas as perdas de contêineres no mar.
Esta obrigação decorre das emendas adotadas ao Capítulo V da Convenção SOLAS e visa melhorar a segurança da navegação e reduzir os riscos ambientais. Estas regulamentações exigem a comunicação rápida e detalhada de perdas de contêineres, permitindo medidas de resposta mais eficazes. A WSC continuará a apresentar relatórios em nome de seus membros para facilitar a implementação uniforme dos novos requisitos. Projeto TopTier e Esforços Científicos O relatório também destaca o progresso do projeto conjunto TopTier, uma iniciativa lançada em 2021 e liderada pelo Instituto de Pesquisa Marítima dos Países Baixos (MARIN), com a participação de mais de 40 entidades, incluindo Estados de bandeira, companhias de navegação, sociedades classificadoras e fabricantes.
O objetivo do projeto era identificar as causas-raízes das perdas de contêineres e gerar recomendações práticas para a indústria e os órgãos reguladores. Espera-se que suas conclusões sejam apresentadas à OMI em setembro de 2025 e sirvam de base para futuras regulamentações e normas ISO. Um dos riscos mais graves a bordo de navios porta-contêineres são os incêndios causados por cargas perigosas declaradas incorretamente ou não declaradas. Para lidar com esse problema, a WSC, em conjunto com o National Cargo Bureau (NCB) dos EUA, desenvolveu o Programa de Segurança de Carga, que inclui análise preditiva digital e ferramentas de inteligência artificial para revisar milhões de reservas de contêineres e identificar riscos potenciais. Além disso, o setor está aguardando novas regulamentações da IMO, com entrada em vigor em 2026, relativas ao tratamento de carvão vegetal como carga perigosa.

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