quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Sistema de afretamento tem nova denúncia de empresa de navegação contra Antaq

         A Posidonia Shipping protocolou na Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq), no último dia 11, uma denúncia sobre uma suposta fraude ao sistema de gerenciamento de afretamento na navegação marítima e de apoio (Sama). No documento, endereçado ao diretor-geral Adalberto Tokarski, a empresa cobra a garantia de plena utilização do Sama, já que hoje ela solicita a circularização de forma de manual, com espera de até 48 horas por resposta. A Posidonia diz que empresas brasileiras de navegação (EBN's) podem estar utilizando brecha no sistema para afretar navios estrangeiros para o transporte de produtos químicos a granel, sem que sejam proprietárias de navios semelhantes em sua frota brasileira.
         A empresa alega que foi feita uma fraude para que produtos químicos como óleo vegetal, pasta de caulim e soda cáustica sejam classificados de forma “inapropriada” na categoria “hidrocarbonetos, seus derivados ou biocombustíveis”. A acusação sustenta que essa suposta manobra permitiria navios estrangeiros serem afretados por EBN's em legalidade, como se estivessem fazendo transporte dessas cargas dentro da exceção prevista no artigo 5º da resolução normativa 01/2015 da Antaq, que regula o afretamento de embarcações.
         A Posidonia questiona decisão tomada na gerência de afretamento que teria obrigado a companhia a realizar o procedimento de circularização de forma manual, em vez de automática. A alegação da agência seria de que o sistema não pode ser reprogramado porque a programação dele é feita de forma automática e de acordo com a resolução 01/15. A Posidonia considerou a decisão um constrangimento. “Os fatos narrados são de extrema gravidade e relevância e colocam em jogo a idoneidade do sistema Sama”, afirmou o diretor-geral da Posidonia, Abrahão Salomão.
         A empresa quer o pleno acesso ao sistema e cobra apuração com rigor e punição aos supostos infratores. A Posidonia argumenta que, ao operar em contrariedade ao que estabelece a resolução 1/15, o Sama abre espaço para operações irregulares de afretamento por EBN's. "Verifica-se que o sistema Sama foi burlado, permitindo que vários produtos sejam classificados de forma errada e, assim, sejam considerados como carga para a qual a resolução normativa 01/15 abre exceção ao afretamento de navios estrangeiros para operar na cabotagem", diz o documento apresentado.
         O documento alerta que tais práticas denunciadas podem configurar crimes previstos no Código Penal. Também aponta que uma eventual EBN que pratique atos decorrentes dessa eventual fraude incorrerá na prática de concorrência desleal, que prevê penalidades próprias. “O sistema foi violado porque isso não é um erro e não pode ficar assim. Esperamos que sejam tomadas providências urgentemente”, comentou Salomão. Ele disse ainda que é preciso investigar se houve empresas beneficiadas e contou que a Posidonia apurou outras irregularidades no sistema que serão apontadas futuramente.
         Salomão acrescentou que a Posidonia tem lutado para operar como empresa brasileira de navegação em meio a dificuldades supostamente impostas por interesses privados contrários que se refletem em atos de alguns servidores da agência. Ele lembrou que a empresa tem dois mandados de segurança que a permitem descumprir alguns dispositivos da resolução 01/15 da Antaq. O argumento é que essas regras criam reserva de mercado em favor de um pequeno grupo formado por grandes armadores estrangeiros.

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