quarta-feira, 16 de agosto de 2023

OMC aponta para crescimento lento no volume de comércio esse ano e recuperação em 2024

A Organização Mundial do Comércio, em seu último relatório, indica que o crescimento do volume de comércio de mercadorias em 2023 se contrairia a um ritmo mais lento do que em 2022. De fato, a contração começou com uma queda no quarto trimestre do ano passado e foi persistente no primeiro trimestre de 2023. Em resumo, o crescimento do volume do comércio mundial de mercadorias passaria de 2,7% em 2022 para 1,7% em 2023, para depois se recuperar em 2024 para 3,2%. Isso significa que o ponto de inflexão da tendência deve ocorrer ainda este ano, diz um relatório publicado pelo analista da indústria portuária Ricardo Sánchez em sua página no Linkedin.

Segundo ele, a atividade portuária, em particular a dos portos de contêineres, pode funcionar como um indicador importante do comércio. “Exatamente por isso é importante perguntar se a atividade portuária de contêineres (throughput) está acelerando ou desacelerando”, observa. Com foco no desempenho da atividade portuária no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, eles argumentam que a maioria dos portos apresenta queda, mesmo de até dois dígitos percentuais.

Apenas os cinco primeiros portos (ou países) analisados: Peru (12,4%), Brasil (10,8%), Baltimore (7,7%), Houston (2,1%), Halifax (0,7%), mostram uma melhora, enquanto sete expressam contrações leves ou moderadas Montevidéu ( -0,5%), Colômbia Caribe (-0,6%), Paraná (-2,0%), México (-3,9%), Valparaíso (-4,6%), Port Everglades (-8,0), Buenos Aires (-12,2), e os demais, fortes reduções Montreal (-13,0%), Vancouver (-14,4%), Charleston (-14,7%), Virgínia (-14,8%), Total Canadá (15,5%), Total EUA (-17,4%), Oakland (-17,8%), Savannah (17,8%), San Antonio (-20,4), Los Angeles (-23,6%), Nova York-Nova Jersey (-23,7%), Long Beach (-25,5%).

Isso pode estar claramente relacionado à contração no último trimestre de 2022 e no início de 2023. Ele também sustenta que é “interessante” rever como os portos se comportaram no período anterior à pandemia. Assim, ao observar a variação percentual do 1S23 em relação ao 1S19, percebe-se que mais da metade da amostra já supera –ainda que amplamente– a atividade de 2019: total Brasil (11,7%), Canadá (29,5%), Cartagena ( 14,9%), México (12,3%), Panamá (20,4%), Peru (15,0%) e Montevidéu (45,6%) apresentam crescimento significativo de dois dígitos.

No entanto, em outros portos a recuperação ainda está atrasada e os resultados estão caindo, especialmente Buenos Aires (-15,7%), centro do Chile (-20,0%) e alguns portos individuais no Canadá e nos Estados Unidos. Por isso, argumenta, é preciso rever um pouco mais os números do volume de atividade para ver se há aceleração ou desaceleração da atividade. Ao mesmo tempo, é interessante ver se há sinais de uma possível reversão de tendência desde a queda iniciada no final de 2022, pois alguns sinais parecem auspiciosos.

Ao comparar as médias semestrais com seus equivalentes em períodos anteriores. Observa-se que, no caso do México, o primeiro indicador mostra uma retração de quase 4% em relação a 2022, mas uma recuperação significativa em relação ao pré-pandemia (20,3%). Da mesma forma, ao observar a situação ao final do primeiro semestre, a recuperação foi superior à média dos seis meses (34,2%). Isso pode estar indicando uma tendência ainda mais favorável.

A Costa Oeste dos Estados Unidos e Canadá mostram retração mais forte (quase -20%) em relação a 2022, e mais branda (-3,6%) em relação ao pré-pandemia. No entanto, o final do semestre já mostra crescimento (4,3%), talvez um indicador de mudança de tendência. No Panamá, observa-se uma retração (-2%) em relação a 2022, um aumento de 20,4% em relação aos tempos anteriores à pandemia e um fechamento de magnitude semelhante (20,2%) no último mês do semestre. A Costa Leste da América do Sul mostra uma recuperação nos 3 indicadores, neste caso com dados dos primeiros 5 meses de cada ano. Nota-se uma aceleração maior no final do semestre (19,8%), o que pode significar uma mudança de tendência. 

No entanto, uma análise um pouco mais detalhada também revela diferenças notáveis ​​entre os países, apreciáveis ​​por exemplo na comparação 1S23 vs 1S19: Brasil (11,7%), Argentina (-13,4%), Uruguai (46,4%), resultados que estão claramente ligados ao diferenças macroeconômicas existentes entre os casos. Finalmente, no caso da Costa Oeste da América do Sul, há uma forte diferença entre os resultados do Chile e do Peru, como pode ser visto na comparação 1S23 x 1S19 no porto de San Antonio (-20,9%) e no caso do Peru (16,1%). Em síntese, embora existam ainda sinais de fragilidade na evolução do nível de atividade, alguns dos indicadores analisados ​​apresentam sinais positivos que poderão estar a indicar uma possível viragem no

 

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