terça-feira, 18 de outubro de 2016

Complexo do Pecém investe para receber maiores navios de carga do mundo

         O Porto do Pecém vem recebendo uma série de investimentos destinados a aumentar sua capacidade de operação. A expectativa é que o porto cearense se torne um ponto de parada dos maiores cargueiros do mundo, tornando-se um hub (centro de conexões) de contêineres do País a partir da recente ampliação do Canal do Panamá. Os investimentos nas obras de expansão do complexo portuário somam cerca de R$ 650 milhões, oriundos do Tesouro do Estado do Ceará e do Bndes (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
         As obras estão previstas para serem concluídas em julho de 2017 e incluem pavimentação e ampliação do quebra-mar, e uma nova ponte de acesso ao quebra-mar, que vai permitir o trânsito de caminhões para movimentação de placas da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), além da instalação de uma correia transportadora para minério de ferro para abastecer a usina. Segundo o governo, a ampliação irá quintuplicar a capacidade de movimentação de cargas do Porto.
         O Porto aguarda a homologação de dois berços de atracação, que terão capacidade para receber os maiores cargueiros de contêineres em operação, chamados de Post-Panamax. A expectativa é de que os berços estejam aptos a operar em novembro. "Com a homologação, vamos buscar operadores. Já estamos com negociações avançadas com algumas empresas. Para 2017, a gente tem uma expectativa de entrar na rota de um grande armador", disse Rebeca Oliveira, diretora comercial da Cearáportos, empresa que administra o Porto do Pecém.
         Para Heitor Studart, presidente do conselho temático de infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), a abertura do novo Canal do Panamá gerou grandes oportunidades para o Estado, mas a infraestrutura logística cearense, que vai além do Porto, está aquém do que deveria. "A abertura do (novo) Canal do Panamá vai transformar o Pecém, que está entre os terminais com as melhores tarifas do Brasil, no maior hub de transbordo do País", ele diz.
         Entretanto, considerando a infraestrutura do Estado, Studart avalia que é preciso retomar os investimentos no curto prazo, principalmente nos eixos rodoviário, ferroviário, de energia e saneamento. "Caso contrário, o Estado perderá novos investidores e mercados". Para ele, não adianta o Porto ganhar eficiência sem investimentos nas vias de acesso que permitam o escoamento da produção do Ceará e de outras regiões do País.
         Na avaliação de Studart, o maior obstáculo para o desenvolvimento e para a competitividade do setor industrial do Ceará é o anel viário, que ainda não foi concluído. "Quando se fala de anel viário, estamos falando da ligação entre os portos do Pecém e do Mucuripe", diz. "Sabemos que o governo federal não tem recursos para esse investimento. Então a Fiec quer unir forças com o Governo do Estado e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) para solucionar esse problema. Queremos definir o marco jurídico para conseguir investimentos, porque não adianta esperar pelo governo federal".
         Outro gargalo é a ferrovia Transnordestina, tida como fundamental para integração regional do Porto do Pecém, e a transposição do Rio São Francisco e do Cinturão das Águas. "Essas obras precisam ser concluídas. Esses são os grandes eixos que a gente tem de solucionar no curto prazo", diz Studart. (BC)

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