segunda-feira, 30 de junho de 2025

Maersk demanda Antaq na Justiça pedindo mudança na licitação do Terminal 10 de Santos


 

Operadoras portuárias globais pedem que a Justiça brasileira anule as regras concorrenciais que as impedem de participar da primeira rodada de licitações do terminal de contêineres Tecon 10, no porto de Santos, até o final deste ano. Nesse sentido, a Maersk entrou com uma ação judicial nessa semana, no tribunal de São Paulo contra a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e seu diretor-geral, de acordo com um documento visto pela Reuters. A ação exige "correções processuais para garantir um processo justo" na concessão.

Atualmente, as regras de licitação definidas pela ANTAQ — que também excluem a MSC, a CMA CGM e a DP World — estão sendo analisadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Excluir empresas com vasta experiência internacional, responsáveis ​​pela gestão de alguns dos portos mais eficientes do mundo, sem estudos exaustivos que embasem tal decisão, reduz significativamente o potencial do projeto no maior porto da América Latina", afirmou a Maersk em comunicado.

Por sua vez, a MSC, que pode seguir os passos da Maersk, também espera uma mudança nas regras. Patrício Junior, diretor regional de investimentos da Terminal Investment Limited (TIL), uma subsidiária investidora e operadora portuária da MSC, afirmou que a empresa está considerando entrar com uma ação judicial caso o TCU não imponha mudanças no processo. O edital excluiria a Maersk, a MSC e outras operadoras de terminais de contêineres existentes em Santos da primeira rodada de propostas para construir e operar o novo terminal, que deverá exigir um investimento de US$ 1 bilhão.

Isso poderia abrir as portas para concorrentes asiáticos ou um player local como a JBS Terminais, a nova unidade de operação portuária da empresa brasileira de processamento de carnes JBS, que adquiriu um terminal de contêineres em Itajaí, no sul do Brasil, no ano passado. A ANTAQ indicou que ainda não foi notificada oficialmente sobre a ação judicial e reiterou que o processo está atualmente no TCU (Tribunal Central Administrativo), aguardando decisão.

A agência esclareceu que, caso não sejam recebidas propostas válidas na primeira fase da licitação, apenas os operadores dos terminais de contêineres existentes em Santos poderão apresentar propostas nas rodadas subsequentes, desde que alienem suas demais participações no complexo portuário. Alguns usuários regulares da infraestrutura portuária de Santos também expressaram preocupação com as regras que limitam a participação no Tecon 10.

Por exemplo, Eduardo Heron, diretor técnico do Conselho Brasileiro dos Exportadores de Café, afirmou que o grupo defende uma participação ampla e irrestrita. A licitação do Tecon 10 destaca uma tendência global mais ampla, na qual players globais estão cada vez mais desafiando as regulamentações locais para acessar ativos logísticos de alto potencial, enquanto os reguladores estão pressionando medidas antitruste ex ante para diversificar a concorrência.

Esses desafios refletem um tema recorrente: empresas multinacionais estão resistindo aos esforços regulatórios para limitar sua influência em mercados-chave. A AInvest indica que, para a América Latina, esse endurecimento regulatório cria um paradoxo: embora busque atrair novos capitais e expertise, regras excludentes correm o risco de dissuadir operadores globais cuja escala e recursos são cruciais para projetos ambiciosos.

O leilão do Tecon 10 não é exceção: atrasos e incerteza jurídica já estenderam o prazo para 2026, gerando preocupações quanto à confiança dos investidores. Vale ressaltar que a licitação do Tecon Santos 10 (antigo STS10) no Brasil inclui tanto a construção quanto a operação de um novo terminal de contêineres no Porto de Santos.
O projeto prevê a criação, do zero, de infraestrutura portuária, incluindo cais e serviços associados, para movimentar até 3,5 milhões de TEUs por ano. A concessão tem prazo estimado de 25 anos, durante os quais o licitante vencedor será responsável pela operação do terminal

Porto do Itaqui aumenta capacidade de exportação com a construção de novo berço de atracação

 

O Porto do Itaqui, um dos principais polos logísticos do Brasil, reforçou sua importância estratégica em 2024 com a construção de um novo berço de atracação. A obra, realizada em São Luís, no Maranhão, visa ampliar a capacidade de exportação em mais de 8 milhões de toneladas por ano, respondendo à crescente demanda da produção agropecuária do Centro-Oeste e Norte do país.

A estrutura faz parte do plano de expansão do porto, que atualmente conta com nove berços com profundidades que variam entre 12 e 19 metros. Isso permite o recebimento de navios de grande porte, conectando o Brasil a mercados da Europa, América do

Localizado no bairro Itaqui, em São Luís, o porto tem uma posição geográfica estratégica. Seu nome, de origem tupi-guarani, significa “rio das pedras” — referência à geografia local e à presença histórica indígena.

O assessor do porto, Paulo Ricardo Martins Nunes, destaca que o Porto do Itaqui é hoje uma das principais rotas de exportação de grãos, combustíveis e minérios.

Ele integra o chamado Arco Norte, que inclui portos como Santana (AP), Vila do Conde (PA), Itacoatiara (AM) e Santarém (PA).

Esse corredor logístico tem se mostrado cada vez mais competitivo, oferecendo um caminho mais curto para o escoamento de cargas com destino ao exterior.Porto do Itaqui, no Maranhão

Corredor Centro-Norte impulsiona o agronegócio brasileiro

Além do Arco Norte, o Porto do Itaqui também compõe o Corredor Centro-Norte, rota que interliga estados como Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Piauí ao comércio global.

Essa conexão é fundamental para o agronegócio, especialmente na exportação de grãos como soja e milho.

O terminal conta com dois sistemas de embarque de grãos de alta capacidade e infraestrutura integrada à malha ferroviária e rodoviária.

Essa sinergia garante agilidade no transporte da produção até o porto e sua expedição via navios.

Terminais de grãos reforçam a força do Porto

Dois terminais se destacam nas operações com grãos:

  • Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão):
    Armazenagem de até 500 mil toneladas
    Alta capacidade de expedição marítima
  • TPSL (Terminal Portuário São Luís):
    Cinco silos e dois armazéns
    Capacidade estática de 255 mil toneladas

Esses terminais tornam o Porto do Itaqui um dos maiores corredores de exportação de grãos do país, consolidando sua posição como elo vital da logística brasileira.

Com a movimentação de cargas diversificadas, o Porto do Itaqui impulsiona a economia local e nacional. Gera empregos diretos e indiretos, fomenta o comércio e atrai novos investimentos para o Maranhão.

À medida que a demanda por exportações cresce, especialmente no setor agrícola, o porto se mostra preparado para atender às exigências do mercado global com eficiência, tecnologia e infraestrutura.

 

Governo gaúcho investe R$ 68 milhões em obras de dragagem do Lago Guaíba, em Port o Alegre

 

Com investimento R$ 68 milhões do governo gaúcho, as operações de dragagem no Guaíba avançam na remoção de sedimentos e na manutenção da navegabilidade. Desde março, cinco dragas operam nos canais de Leitão e de Pedras Brancas, na região de Porto Alegre. Mais de 1,6 milhão de metros cúbicos de sedimentos já foram removidos, com o objetivo de assegurar a profundidade mínima de seis metros nos principais trechos de navegação.

O trabalho de dragagem faz parte de um conjunto mais amplo de investimentos, que totalizam R$ 731 milhões destinados para execução de serviços dessa natureza nas hidrovias gaúchas, que sofreram com o acúmulo extraordinário de sedimentos por causa das enchentes de 2024.

A inciativa integra o Plano Rio Grande, um programa de Estado criado para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro. Os recursos são provenientes do fundo associado ao plano (Funrigs), que centraliza os recursos destinados para o enfrentamento das consequências sociais, econômicas e ambientais decorrentes das enchentes de 2024.

No cais da capital, uma sexta draga está sendo preparada para iniciar sua operação nos próximos dias. Em julho, entra em funcionamento o sétimo equipamento. De grande porte, ele será um dos maiores do tipo em operação no país e ampliará significativamente a capacidade de dragagem. As atividades de dragagem só podem ser realizadas em condições meteorológicas favoráveis.

Nos canais de São Gonçalo e Furadinho, os trabalhos devem começar no final de julho, ao passo que a intervenção no canal de Itapuã já foi concluída. A licitação para intervenção nos outros oito canais do Guaíba e nos quatro da Lagoa dos Patos está sendo elaborada. (Fonte: Ascom Selt)