O webinar "Portos e Terminais de Contêineres", apresentado pela Drewry, serviu para analistas da consultoria esclarecerem dúvidas sobre a venda, em andamento, da participação de 80% da CK Hutchison Holdings na Hutchison Ports Holdings (HPH) para o consórcio formado pelo braço portuário da MSC (TIL) e pela empresa global de investimentos e gestão de ativos financeiros BlackRock. A transação envolve 43 ativos de propriedade e operados pela Hutchison Ports Holdings (HPH) localizados fora da China continental e Hong Kong.
De acordo com a Drewry, embora isso não tenha sido oficialmente confirmado pelas partes do acordo, relatos indicam que a TIL é a investidora líder na maioria dos ativos envolvidos na transação, enquanto a BlackRock assumirá uma participação majoritária na Panama Ports Company (PPC). A TIL é de propriedade da MSC (70%), da Global Infrastructure Partners — que por sua vez é de propriedade da BlackRock — (20%) e da GIC (10%).
Como acionista majoritária, a MSC exerce influência significativa sobre a estratégia e a gestão da TIL. Portanto, os analistas esperam que, apesar das diferentes estruturas de propriedade, as operações no Panamá sejam supervisionadas pela TIL. Analistas da Drewry afirmam que as informações mais recentes indicam que a BlackRock (listada nos EUA) adquiriria 51% das ações da PPC, que atualmente detém 90% dos terminais de Balboa e Cristobal, enquanto a TIL manteria o restante (ou seja, 49% dos 90%).
Da mesma forma, os analistas não ignoraram as preocupações da Administração do Canal do Panamá (ACP) — que foram rejeitadas pelo presidente panamenho, Raúl Mulino — quanto à concorrência em relação ao aumento da propriedade de terminais por companhias marítimas, considerando que a TIL já detém 42,5% das ações do Terminal Rodman e a Evergreen detém 100% do Terminal de Contêineres de Colón. Eles também observaram que a ACP é proprietária do terreno para o projeto do Terminal Corozal, "que identificou como uma opção para expandir a oferta do terminal para outras companhias marítimas".
Os analistas da Drewry observam que, com base nas indicações atuais, a intenção é que o negócio prossiga conforme anunciado, mas isso está sujeito à aprovação das autoridades reguladoras relevantes em todas as jurisdições relevantes. Eles explicam ainda que ativos individuais podem ser excluídos da transação devido às conclusões das autoridades de concorrência ou cláusulas de mudança de controle em contratos de concessão e acordos de acionistas, o que também pode resultar na exclusão de ativos individuais do escopo da transação.
Nesse sentido, eles preveem que a abordagem e a posição das diversas autoridades de concorrência sobre a transação variarão dependendo da legislação aplicável, dos poderes de cada autoridade. Portanto, indicam que "não podemos prever os resultados além das opiniões expressas anteriormente sobre a existência de um maior risco de concentração excessiva em alguns mercados (por exemplo, Noroeste da Europa) do que em outros".
Eles também alertam que transações recentes de grande porte no setor levaram entre 12 e 18 meses para obter as diversas aprovações. Assim, esperam que a transação leve pelo menos esse tempo para ser concluída financeiramente, e potencialmente mais. Um player chinês se juntará ao consórcio TIL-BlackRock? Embora os analistas da Drewry estejam cientes de análises externas que sugeriram essa possibilidade como forma de convencer o governo chinês a participar do negócio, eles especificam que não veem evidências que tornem essa opção provável.
Os analistas ressaltam que a MSC opera fora da estrutura de alianças de transporte marítimo e não há evidências de que a TIL ou a BlackRock precisem envolver um parceiro adicional no negócio. Além disso, ressaltam que é importante destacar que "os principais operadores chineses apresentados como potenciais coinvestidores, ou compradores alternativos, são empresas estatais e, no atual ambiente geopolítico, isso será problemático em muitas jurisdições. Por exemplo, a Cosco limitou-se a adquirir apenas 24,99% do Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo", exemplificam.
Em relação ao impacto da transação, os analistas argumentam que a consolidação no transporte de contêineres desacelerou devido à falta de novas oportunidades, o que impulsionou a crescente integração vertical na cadeia de suprimentos. As companhias de navegação e os operadores portuários buscam maior controle e investimento em infraestrutura para aprimorar os serviços, ganhar participação de mercado e caminhar em direção à sustentabilidade.

Nenhum comentário:
Postar um comentário