Um estudo
da Euromonitor International estimou para
o setor da cachaça no Brasil, este ano, queda de 21,7% em volume total,
incluindo vendas em supermercados, bares e restaurantes, em função da
pandemia do novo coronavírus. Antes da crise, o setor previa expansão de
1,5%.

Outras empresas de pesquisa de mercado
colocam que o consumo de bebidas alcoólicas no mundo deve cair cerca de
12% em 2020 e que uma retomada aos patamares anteriores só acontecerá em
2024. “É para mostrar quanto o segmento de bebidas alcoólicas
mundialmente vem sendo impactado pela questão da pandemia, da covid”,
disse o diretor executivo do Ibrac.
Para enfrentar a pandemia, as empresas do
setor nacional de cachaça têm adotado diferentes estratégias para
continuar produzindo durante a pandemia. “Dependendo do estado e do
porte de empresa, foram estratégias diferentes”, disse Lima. O Ibrac
teve casos de empresas do setor que paralisaram suas atividades. Estudo
feito pela entidade estima que mais de 65% das empresas tiveram redução
superior a 50% das vendas.
“Tudo depende do porte da empresa, do canal
que a empresa tinha como seu principal canal de vendas. Por exemplo,
empresas que focavam muito a venda em bares e restaurantes, com o
fechamento desses empreendimentos as vendas praticamente acabaram e
tiveram que focar em outros pontos de venda, como supermercados e
atacadistas”.
Segundo Carlos Lima, o setor da cachaça
acabou sendo impactado por outro movimento, que foi a Lei Seca,
implantada em alguns estados e municípios, proibindo a comercialização e
o consumo de bebidas alcoólicas no período de pandemia. “Isso também
afetou as empresas”. Lima destacou que não houve uma “receita de bolo”
para as empresas enfrentarem a crise. E muitas não superaram.
Lima vê também com preocupação a
possibilidade de crescimento do mercado ilegal de bebidas com a
aplicação da Lei Seca, como ocorreu no México, no último mês de maio,
onde mais de 100 pessoas morreram ao ingerirem produtos clandestinos,
sem controle e contaminados. Lembrou que além dos prejuízos à saúde, o
mercado clandestino traz outros problemas, como a evasão fiscal, ou
seja, a perda de arrecadação de impostos pelo governo. De acordo com
estudo sobre o Mercado Ilegal de Bebidas Alcoólicas, elaborado pela
Euromonitor International e divulgado pelo Ibrac no ano passado, em
2017, o Brasil deixou de arrecadar R$ 10 bilhões com o mercado ilegal.
O setor é formado, em sua maioria, por
micro, pequenas e médias empresas. Muitas delas não trabalhavam com o
comércio eletrônico e tiveram que se estruturar para fazer vendas pela
internet. “Tem sido um trabalho de reinvenção do setor para conseguir
sobreviver, assim como os demais setores, nesse momento de pandemia.
Cada empresa seguiu um caminho diferente para tentar se reinventar nesse
momento”.
O setor da cachaça respondia pela geração de
600 mil empregos diretos e indiretos. O número de postos de trabalho
caiu, entretanto, durante a pandemia da covid-19, admitiu Carlos Lima. O
Ibrac, entretanto, ainda não tem estimativa de quanto a pandemia afetou
o setor, na área do emprego. Com a crise, várias empresas foram
obrigadas a demitir funcionários, outras fizeram redução de jornada e,
consequentemente, de salários, para tentar atravessar a crise.
Muitas
pequenas e médias empresas ficaram na expectativa do apoio do governo
federal por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). “Muitas empresas buscando linhas
de financiamento e de crédito através do Pronampe para poderem
sobreviver e manter um mínimo de estruturas básicas”. São 951 produtores de cachaça e 611 de
aguardente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, distribuídos em 835 municípios, segundo o estudo A
Cachaça no Brasil - Dados de Registro de Cachaças e Aguardentes, lançado
no ano passado pelo ministério.
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