A
pandemia do novo coronavírus vai levar a uma queda de 9,1% na atividade
econômica da América Latina e do Caribe em 2020. Com a retração, o
Produto Interno Bruto (PIB) per capita da região deve voltar ao
alcançado em 2010, ou seja, a queda representa um retrocesso de 10 anos
nos níveis de renda por habitante da região.

A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (15) pela
Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), organismo ligado à
Organização das Nações Unidas. O órgão lançou um relatório atualizando
para baixo a previsão de retração na atividade econômica da região.
O texto ressalta que a região vai acompanhar
a tendência de queda na economia mundial. Dados da Cepal indicam que a
queda no comércio mundial de bens e serviços pode chegar até 32%. Na
região, as exportações já apresentaram queda de 23%.
Em abril, a projeção de queda no PIB era de
5,3%. Agora, segundo o relatório, a região apresentará uma queda do PIB
de -9,1% em 2020, com diminuições de -9,4% na América do Sul, -8,4% na
América Central e México e -7,9% no Caribe excluindo a Guiana, cujo
forte crescimento leva o total sub-regional a uma menor contração (de
-5,4%).
Entre os países, as quedas mais
significativas apontadas pelo relatório ocorrerão na Venezuela, cuja
estimativa de queda do PIB é de 26%; Belize, com queda de 14% e Peru,
com redução de 13%. No Brasil, a queda projetada do PIB é de 9,2%.
Com a redução da atividade econômica
espera-se que a taxa de desemprego regional seja em torno de 13,5% no
final de 2020, o que representa um aumento de dois pontos percentuais na
comparação com a estimativa divulgada em abril e um aumento de 5,4
pontos percentuais em relação ao valor registrado em 2019 (8,1%).
O relatório estima ainda que a retração
econômica deve ocasionar o fechamento de mais de 2,7 milhões de micro e
pequenas empresas, ocasionando perda de 8,5 milhões de postos de
trabalho. As microempresas serão as mais afetadas.
A crise econômica provocada pelo novo
coronavírus deve ocasionar o fechamento de 2,65 milhões de empresas.
Além disso, 100 mil pequenas empresas de setores mais afetados pela
pandemia, como o comércio, turismo entre outros, devem fechar as portas.
De acordo com o relatório, o número total de
desempregados deve chegar a 44,1 milhões de pessoas, o que representa
um aumento de quase 18 milhões com relação ao nível de 2019 (26,1
milhões de desempregados).
O relatório destaca ainda que a queda do PIB
e o aumento do desemprego teriam um efeito negativo direto sobre a
renda familiar. Com isso, a Cepal projeta que o número de pessoas em
situação de pobreza aumentará 45,4 milhões em 2020, ficando em 230,9
milhões.
A projeção corresponde a um aumento de 37,3%
da população latino-americana em relação ao registrado em 2019
, quando
185,5 milhões se encontravam nessa condição.
“Dentro desse grupo, o número de pessoas em
situação de extrema pobreza aumentaria em 28,5 milhões, passando de 67,7
milhões de pessoas em 2019 para 96,2 milhões de pessoas em 2020, número
que equivale a 15,5% do total da população”, informou a Cepal.
A Cepal defende que, apesar de os países da
região, em sua maioria, terem adotado medidas com renda básica de
emergência para auxiliar financeiramente as famílias, é necessário um
esforço adicional para satisfazer as necessidades básicas e sustentar o
consumo das famílias.
Entre as medidas apontadas como necessárias
estão a criação de um bônus contra a fome, equivalente a 70% de uma
linha regional de extrema pobreza (US$ 67 de 2010) e cujo custo total é
estimado em US$27,1 bilhões (0,52% do PIB regional), a possibilidade de
expansão da renda básica de emergência para nove meses, além de
iniciativas para apoiar empresas e trabalhadores em risco.
O relatório diz ainda que os países devem
impulsionar a retomada da atividade econômica, evitando medidas de
austeridade e promovendo estímulos fiscais. Também diz que as
instituições financeiras internacionais devem aumentar as linhas de
crédito. (imagem do Centro Financeiro da Cidade do México)
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