quarta-feira, 1 de março de 2017

América Latina busca realinhamento político e econômico para driblar efeito Trump e Brasil pode recuperar protagonismo

         O senador José Serra sai do Itamaraty justamente num intenso momento da política externa. Dois movimentos empurram a América Latina para um realinhamento político e econômico, com uma chance de ouro para o Brasil recuperar o protagonismo perdido na região. De um lado, Donald Trump sacode blocos, certezas e bom senso com seu protecionismo extemporâneo. De outro, a Venezuela esfarela, arrastando junto o “bolivarianismo” de Hugo Chávez.
         Como reação, os chanceleres do Mercosul e da Aliança do Pacífico vão discutir, possivelmente em abril, na bela Buenos Aires, não apenas uma trégua na concorrência, mas uma nova relação. O Mercosul original inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Aliança do Pacífico, Chile, Colômbia, Peru e México. Objetivamente, vão discutir pontos de interesse comum. Subjetivamente, como escapulir das garras – e maluquices – de Trump.
         Será, portanto, uma tentativa de reconstruir a unidade da região, desde o Norte até o Cone Sul, passando pelo estratégico grupo andino. Esse também era o sonho de Chávez ao lançar o “bolivarianismo”, mas, quanto mais falava em unidade, mais ele rachava a América Latina e atiçava a beligerância entre os “amigos” e os “inimigos” de Washington.
         O Brasil, que tem peso político, econômico, territorial e populacional para mediar esse eterno dilema do “quintal dos EUA”, preferiu brincar de ideologia, omitir-se nos momentos graves, assistir de camarote à corrosão social da Venezuela, jogada nas mãos do inqualificável Nicolás Maduro. Deixou o circo pegar fogo, com Equador e Bolívia ao sabor dos desvarios venezuelanos e a Argentina fantasiada de “esquerda” (com o casal Kirchner só). Imagem da Avenida Paulista, coração financeira de São Paulo.

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